quarta-feira, 7 de abril de 2010

Levemente desnecessário.

- Não é que eu precise de um namorado. Apenas não gosto de não ter companhia no frio. E tu sabe, essa cidade é um caos, as coisas são malucas, eu não posso comer mais chocolate (do que já comi) essa semana e uma boa companhia é importante. Um abraço para curar o desespero depois de ver tanto cinza é importante. Uma respiração bem rente ao meu corpo. Alguém para conversar sem sentir dor de cabeça. Alguém para lembrar na hora que eu estiver me divertindo escolhendo um cd qualquer...
- ...
- Tá, eu preciso de um namorado.

terça-feira, 6 de abril de 2010

- Mas você vive machucada, vive se machucando. Por quê?
- Tu realmente acha que eu me machuco porque quero? Eu apenas... me machuco. E depois tento me curar, como qualquer pessoa.
- Parece que teu Merthiolate não é muito bom, olha só quantas marcas e cicatrizes...
- Isso porque tu não viu as que não dá pra enxergar com os olhos... Aí sim tu iria ficar surpreso.




(Porque ás vezes é preferível ter um acidente de carro a sofrer de amor...)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ser ou não ser... de ninguém.

Na hora de cantar, todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".
No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalistas" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam o ouvido do amigo mais próximo e reclamam da solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois?
Será que os grupos Tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação"?
Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar na boca, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo inteiro e nele os ingredientes vão além do descompromisso, como não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair mais de um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc. Embora já saibam namorar, os tribalistas não namoram. Dificilmente estão apaixonados por quem estão acompanhados, mas gostam da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalida de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas em um dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só pra dizer bom dia, é ter alguém para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar as lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.
Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, hoje podemos optar com maior liberdade. Não se trata responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam.
A questão não é casual, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender a amar se relacionando, trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, é ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.
Ser de todo mundo e não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para tocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e a tão temida solidão.



Não sei de quem é a autoria, mas gosto desse texto e não é de hoje. E como acréscimo pessoal: eu vou tentar me libertar. Dos meus medos. E qualquer dia desses eu conto quem é o lobo.
Beijo para o D. :)