Ela não queria um novo começo. Só queria que o final tivesse acabado bem.
Ela sempre detestou mal-entendidos. Coisas mal acabadas. Se for pra ser, que seja! Mas que seja por completo. Nada de meio termo. Nunca. Ela era de extremos. Vivia a vida em corda bamba. Arame farpado e bambo. E gostava. Era o jeito dela, o que ela escolheu pra viver.
Aí ela conheceu aquele garoto. E ela nem sequer lembrava que o coração às vezes bate mais forte, por alguém especial. E aconteceu com ele. Quando ela estava com ele, quero dizer. Ela entrou no msn dele. Ele entrou na mente dela. Eles conversaram durante madrugadas, tiveram o primeiro beijo quando fogos de artifício brilhavam no céu e parecia que os desejos dela, feitos à meia noite, poderiam se realizar. Ele tinha um jeito de (des)arrumar o cabelo que a imobilizava e uma maneira de pegar na sua mão que faziam as borboletas no estômago dela irem parar na faringe. Possuía uma gramática que às vezes a incomodava, mas tinha um dom com as palavras que selou o contrato que ela assinou sem saber o valor que teria que pagar. Ele falava do céu e sua imensidão, das estrelas que ela sempre admirou e das músicas que ela sempre esperou que significassem tanto para alguém quanto significava para ela. Ele tinha piercing e tatuagens e mesmo assim era um cara que ela não ligaria de apresentar aos seus pais, aos avós e ao resto do mundo. Ele a fez perder tempo. E aí o tempo passou e levou com ele todos os sonhos que eram só dela.
Ela superou. Menina crescida. Vivida. Desiludida. Nunca acreditou muito em amor masculino, fidelidade e similares. Aquilo tinha sido apenas um teste que ela ficou de recuperação, mas no final acabou conseguindo passar de ano. Ela voltou a sua vida agitada de universitária, com toda tequila que tivesse direito. Ela sofreu muito pouco para uma pessoa tão dramática e intensa. Mas é realmente difícil tirar da cabeça algo que está no coração. Ela não queria ele. Não mais. Mas ela nunca mais aceitou flores de ninguém. Tudo bem, ela não tem mais ele. Não quer mais ele. Mas e os sonhos, os dias e os planos vivenciados com ele? Por ele? Ela pode muito bem arranjar um outro carinha para ter na mente, nos braços e no coração. Mais de um. Uma dúzia. Uma legião. Mas é que a simples menção de algum evento na cidade de Severínia ainda a incomoda. Ela parou de fazer as apostas de sorvete e não busca mais curiosidades ridículas na internet. Passou a odiar coelhos e abandonou de vez os discos do Anberlin, assim como as estrelinhas de papel. Ela comprou roupas ainda mais curtas só de pirraça e deixou de beber Brahma. Ela odeia o natal com ainda mais intensidade e não consegue mais se entusiasmar com o carnaval como antes.
Mas ela nunca quis mudar.
Ela só queria poder lembrar com carinho e sinceridade de tudo que ela viveu com ele. De tudo que eles viveram. Juntos. Só isso. Ela só queria arranjar coragem para voltar a escutar Fresno e Pull Down...
Não. Eu não queria.. Não quero um novo começo. Só queria que o final tivesse acabado bem.
(Ela refez o final do texto mais de cinco vezes. Pena que histórico de relacionamentos não possuem a incrível opção "delete". Ela já cansou de "ctrl+c" + "ctrl+v".)
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
I'm sorry, i can't be perfect
Eu e meus milhões de defeitos. Sou brava. Mas fico mansa ao andar de cavalo ou brincar com meu afilhado. Sou ingênua. Mas sei me defender e não demonstrar sentimentos. Azar o meu. Sou equilibrada, mas totalmente parcial e quase corruptível para defender meus amigos. Como Clarice, sou como vento. É apenas uma questão de quando e como você me observa passar. Dependo da qualidade da sintonia, como se fosse uma televisão. Mas não me acompanhe, porque embora a vida por aqui seja mais intensa que Big Brother ou novela das oito, é tudo real. Sou real. Sou de carne e osso. Algumas celulites e um sorriso bonito. Eu e minhas tantas qualidades.
Como aspirante à relações públicas, sou do time dos detalhistas. É no detalhe que eu reparo. É no pingente do colar, não na roupa. No convocativo, não na oração. É no brilho, não apenas no olhar!
Hey dad look at me
Think back and talk to me
Did I grow up according to the plan?
And do you think I'm wasting my time doing things I wanna do?
But it hurts when you disapprove all along
And now I try hard to make it
I just wanna make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't pretend that
I'm alright
And you can't change me
'Cause we lost it all
Nothing lasts forever
I'm sorry
I can't be perfect
Now it's just too late
And we can't go back
I'm sorry
I can't be perfect
I try not to think
About the pain I feel inside
Did you know you used to be my hero?
All the days you spent with me
Now seem so far away
And it feels like you don't care anymore
And now I try hard to make it
I just wanna make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't stand another fight
And nothing is alright
'Cause we lost it all
Nothing lasts forever
I'm sorry
I can't be perfect
Now it's just too late
And we can't go back
I'm sorry
I can't be perfect
Nothing's gonna change the things that you said
Nothing's gonna make this right again
Please don't turn your back
I can't believe it's hard
Just to talk to you
But you don't understand
Como aspirante à relações públicas, sou do time dos detalhistas. É no detalhe que eu reparo. É no pingente do colar, não na roupa. No convocativo, não na oração. É no brilho, não apenas no olhar!
Hey dad look at me
Think back and talk to me
Did I grow up according to the plan?
And do you think I'm wasting my time doing things I wanna do?
But it hurts when you disapprove all along
And now I try hard to make it
I just wanna make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't pretend that
I'm alright
And you can't change me
'Cause we lost it all
Nothing lasts forever
I'm sorry
I can't be perfect
Now it's just too late
And we can't go back
I'm sorry
I can't be perfect
I try not to think
About the pain I feel inside
Did you know you used to be my hero?
All the days you spent with me
Now seem so far away
And it feels like you don't care anymore
And now I try hard to make it
I just wanna make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't stand another fight
And nothing is alright
'Cause we lost it all
Nothing lasts forever
I'm sorry
I can't be perfect
Now it's just too late
And we can't go back
I'm sorry
I can't be perfect
Nothing's gonna change the things that you said
Nothing's gonna make this right again
Please don't turn your back
I can't believe it's hard
Just to talk to you
But you don't understand
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Outsider.

Ela estava de ressaca. Sempre ela. Cazuza se achava exagerado porque não a conheceu. Com ela tudo tinha que ser ao extremo. Intenso. Sorria demais, chorava demais, sentia demais. Queria demais da vida. Bebia demais, falava demais. Um desses excessos lhe trouxe a atual ressaca. Martini? Sky? Não sabia. Não sabia demais. Mas não negava. Era muito autêntica, muito sincera, muito honesta. Não representava. Sabia, mas não gostava. Nem fazia. Tinha defeitos, é claro. Milhares. Mas nunca tentou negar ou se desculpar. Mas o mundo não aguenta verdades. O mundo não estava preparado para alguém como ela. Ela e toda sua bagagem emocional cheia de verdades, saudades, contradições. O mundo não a queria nem a merecia.
O gato não sabia dos padrões do mundo. Sabia do seu mundo de gato. Com rações, mimos e broncas. Ficava preso no quarto da dona a maior parte do tempo pois outra ocupante da casa tinha alergia. Quando ganhava autorização para passear pela casa, a desmontava. Derrubava porta-retratos e destruía eletrodomésticos. Não permitia que a dona se concentrasse nos estudos, na conversa do msn ou o que quer que fosse. Ele queria brincar. Mas ele é um gato. Ele mordia, arranhava e miava alto. Não entendia brincadeiras, não entendia as broncas que levava. Estava apenas seguindo seu instinto. Instinto de gato. Arteiro, mas leal. Mimado, mas obstinado. Gostava mesmo de correr e pular pelo mundo, namorando e ultrapassando limites. Sendo fiel a ele mesmo. E a quem lhe fazia bem.
Ela estava tendo entender o que sentia, o que se passava. Queria descobrir como a vida dela tinha se enrolado, desenrolado e acabado daquela forma. Torcia para que não tivesse chegado ao fim, ainda que lhe parecesse mais confortável, mais plausível. Queria traduzir para o mundo em que ela nunca se encaixou o que era o desconforto que sentia naquele momento. Enquanto buscava palavras para escrever, descrever e desabafar, o gato pulou no notebook. Escreveu letras aleatórias com a pata, fechou uma janela no msn e a mordeu no dedão do pé.
Ela estava cansada demais. Desmotivada. Estressada. Pegou o bichano pela barriga, meio de qualquer jeito e gritou.
- Por que você é assim, hein? Porque não consegue se ajustar? Pare com isso.
Caiu no choro.
Pegou o gatinho novamente, tentou lhe fazer um afago enquanto ele a arranhava.
- Não para, não. Seja fiel a sua natureza e ao que você acredita. Eu gosto de você, tenho que me adaptar.
E entendeu menos o mundo.
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