Você está me perdendo.
Sempre fui do tipo que ia embora. Eu acabava voltando, é verdade. Ou querendo voltar. Mas eu nunca tive medo de partir. Eu ia. Desde pré-adolescente, pegava meus tênis e entrava no primeiro ônibus. Agora, pego a bolsa e entro no carro. Sem destino, como antes. O importante era só sair dali.
Com você, não deu.
Só quis ficar.
Até um tempo atrás.
Você ainda não me perdeu. Pode até ser exagero da minha parte. Mas é que eu reconheço os sinais. Meus mesmo. O coração acelera e, quando me dou conta, já fui.
E eu quero ficar, sabe. Está sendo bom. É tão difícil achar alguém que você não canse da companhia.
Ainda não cansei.
Mas você parou de me dar mensagens de bom dia. Eu sei, você estava ocupado, o trabalho estava puxado e a internet do celular não funcionava.
Mas você começou a me perder.
Sabe, achei que devia avisar. Em respeito a nossa história.
Eu estou começando a ir embora.
Quando eu falei que estava chateada e você, talvez cansado de tantas crises, não conseguiu se esforçar para falar qualquer bobagem que me distraísse. Naquele momento, eu desisti de ir embora de mim e quis ir embora de ti.
Ficar sem dinheiro é um saco. A vida pega pesado e o lucro nunca vem, diferente dos custos.
Mas eu vou embora mesmo assim. Você me perde, com ou sem condição de pagar.
Você está me perdendo, garoto. Já te avisei?
O desentendimento começa a entrar na nossa rotina e vai me fazendo esquecer das coisas que me fizeram me apaixonar por você.
Eu vou acabar indo embora.
Posso fazer um último pedido nessa despedida?
Me faz ficar?
sábado, 28 de setembro de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Enloucresça
Todos os clichês que ouvimos o tempo todo deveriam ser levados a sério. Praticados. Ensinados com paciência para quem ainda não conseguiu pegar as táticas do truque. Ninguém poderia dizer que tanta gente realmente leu "O Pequeno Príncipe" se não fossem os milhares de exemplares vendidos.
As pessoas esquecem com assustadora facilidade de que o essencial é, de fato, invisível aos olhos e ainda não existe receita de beleza mais infalível do que um sorriso de quem sabe bem o que está fazendo.
Só vai ter olhos marcantes quem busca enxergar apenas o lado bom das pessoas. Só terá cabelos bonitos quem os deixar dançar com o vento de vez em quando. Uma boa postura é possível apenas para quem caminha com certeza de que é aprendiz, em um mundo que tantos fazem questão de serem mestres no que nem sequer foram ver.
Não sei nada sobre estética, beleza e comportamento. Mas qualquer um que busca viver de verdade sabe que só as coisas simples são capazes de fornecer paz de espírito. Acho que é disso que falam quando se referem à “realização”.
As pessoas esquecem com assustadora facilidade de que o essencial é, de fato, invisível aos olhos e ainda não existe receita de beleza mais infalível do que um sorriso de quem sabe bem o que está fazendo.
Só vai ter olhos marcantes quem busca enxergar apenas o lado bom das pessoas. Só terá cabelos bonitos quem os deixar dançar com o vento de vez em quando. Uma boa postura é possível apenas para quem caminha com certeza de que é aprendiz, em um mundo que tantos fazem questão de serem mestres no que nem sequer foram ver.
Não sei nada sobre estética, beleza e comportamento. Mas qualquer um que busca viver de verdade sabe que só as coisas simples são capazes de fornecer paz de espírito. Acho que é disso que falam quando se referem à “realização”.
domingo, 23 de junho de 2013
Linda, a dor não é tão glamourosa assim, afinal.
Dói um pouco mais aos sábados. Talvez seja abstinência de vodka e risadas. Ou talvez seja só excesso de drama da minha parte. Nenhuma hipótese é descartada.
Adoecer é ruim. Mas representar o papel de vítima é pior. Todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo, à todo momento, sofrem por alguma coisa. Qualquer coisa.
Não consigo me achar especial só porque meus órgãos são tão preguiçosos quanto eu. Nem dispenso as piadas. Humor é essencial para qualquer crise.
Mas dói mesmo. Dói não poder me divertir como eu me divertia. Sinto falta de virar a noite em boa companhia, de comer fritura com ketchup, de Stella Artois, do meu time. Mas nada é tão doloroso quanto apagar a luz e saber que ninguém compartilha daquela escuridão contigo. Em casa ou no hospital.
Veja bem, não se trata de cobrança. Meu namorado mora há uma mora de distância e minha mãe merece uma noite de sono decente. É desafiador dormir com máquinas tão barulhentas ajudando a não aumentar estatísticas.
Ainda assim, é sempre bom ter aquela segurança de que existe quem também teve que abrir mão de algo que gostava por um tempo para, quem sabe, estar pronto para algo melhor no futuro - o que é otimismo demais pra mim.
Não que eu seja pessimista, longe disso. Tem mais a ver com alguém estar ao seu lado de forma incondicional, entendendo que o seu problema, é o maior do mundo. Afinal, qual é o meu mundo se não eu mesma? E nem vem, é assim com todo mundo.
É fácil perguntar se alguém está bem, desejar melhoras e até mesmo ficar preocupado. Difícil parece ser acompanhar essa pessoa no tratamento, entender que ela não tem dinheiro porque gastou em remédio, abrir mão de burguer king para comer batata com cenoura refogada e ainda achar ótimo.
Uma doença não é o fim do mundo. Mas é o mundo. De qualquer pessoa, para qualquer pessoa.
Espero que você nunca me entenda.
Adoecer é ruim. Mas representar o papel de vítima é pior. Todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo, à todo momento, sofrem por alguma coisa. Qualquer coisa.
Não consigo me achar especial só porque meus órgãos são tão preguiçosos quanto eu. Nem dispenso as piadas. Humor é essencial para qualquer crise.
Mas dói mesmo. Dói não poder me divertir como eu me divertia. Sinto falta de virar a noite em boa companhia, de comer fritura com ketchup, de Stella Artois, do meu time. Mas nada é tão doloroso quanto apagar a luz e saber que ninguém compartilha daquela escuridão contigo. Em casa ou no hospital.
Veja bem, não se trata de cobrança. Meu namorado mora há uma mora de distância e minha mãe merece uma noite de sono decente. É desafiador dormir com máquinas tão barulhentas ajudando a não aumentar estatísticas.
Ainda assim, é sempre bom ter aquela segurança de que existe quem também teve que abrir mão de algo que gostava por um tempo para, quem sabe, estar pronto para algo melhor no futuro - o que é otimismo demais pra mim.
Não que eu seja pessimista, longe disso. Tem mais a ver com alguém estar ao seu lado de forma incondicional, entendendo que o seu problema, é o maior do mundo. Afinal, qual é o meu mundo se não eu mesma? E nem vem, é assim com todo mundo.
É fácil perguntar se alguém está bem, desejar melhoras e até mesmo ficar preocupado. Difícil parece ser acompanhar essa pessoa no tratamento, entender que ela não tem dinheiro porque gastou em remédio, abrir mão de burguer king para comer batata com cenoura refogada e ainda achar ótimo.
Uma doença não é o fim do mundo. Mas é o mundo. De qualquer pessoa, para qualquer pessoa.
Espero que você nunca me entenda.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Hoje eu acordei cedo para ir até a Avenida Paulista. Mas não foi para trabalhar ou estudar. Vim apenas homenagear um cara que vivia sorrindo, abraçar alguns amigos que partilham da mesma dor e tentar mudar o mundo.
Hoje, com 20 anos, cheia de sonhos e dando um duro danado para realizá-los, não sei se volto pra casa. Não porque eu estou doente ou por um acidente, o que seria até compreensível. Hoje eu posso não voltar porque um cara gostou do meu celular.
Eu não fecho os olhos para a desigualdade social. Sei que falta segurança, cultura e o essencial e óbvio: falta investimento na educação, falta oportunidade.
Mas isso não justifica um garoto ser arrancado da vida por um motivo tão absurdo: MOTIVO NENHUM.
Inclusive, o assassino faz aniversário amanhã. Com um pouco de sorte (nossa), ele sai em dois anos. Ele terá 20 anos como eu (não como Victor Deppman, que não vai ter a mesma chance), será réu primário como eu e poderá começar qualquer projeto de vida que ele almeje.
Não espero Justiça apenas para o Victor. E não porque ele era da minha faculdade ou porque tinha a minha idade.
Eu só quero que não morram mais centenas de Victor todos os dias, por disparos que são feitos por um SISTEMA TODO. TODO ERRADO.
Eu sou a favor da redução da maioridade penal, sou contra regalias para acusados de crimes graves, mas acho que o buraco é mais embaixo, sim. Sei que a solução não é apenas punir o assassino do Depp. Mas espero que ele não tenha nos deixado em vão.
Espero que, em meio a tanta tristeza, saia algo bom. É a hora (já tardia) de discutir como arrumar tudo isso. Pressionar autoridades. Buscar maneiras de construir um mundo mais humano.
Talvez eu esteja realmente me posicionando porque fui atingida, mas espero que ninguém mais precise disso para compartilhar dessa luta.
Hoje, com 20 anos e uma enorme dor no coração, não sei se volto pra casa.
Hoje, com 20 anos, cheia de sonhos e dando um duro danado para realizá-los, não sei se volto pra casa. Não porque eu estou doente ou por um acidente, o que seria até compreensível. Hoje eu posso não voltar porque um cara gostou do meu celular.
Eu não fecho os olhos para a desigualdade social. Sei que falta segurança, cultura e o essencial e óbvio: falta investimento na educação, falta oportunidade.
Mas isso não justifica um garoto ser arrancado da vida por um motivo tão absurdo: MOTIVO NENHUM.
Inclusive, o assassino faz aniversário amanhã. Com um pouco de sorte (nossa), ele sai em dois anos. Ele terá 20 anos como eu (não como Victor Deppman, que não vai ter a mesma chance), será réu primário como eu e poderá começar qualquer projeto de vida que ele almeje.
Não espero Justiça apenas para o Victor. E não porque ele era da minha faculdade ou porque tinha a minha idade.
Eu só quero que não morram mais centenas de Victor todos os dias, por disparos que são feitos por um SISTEMA TODO. TODO ERRADO.
Eu sou a favor da redução da maioridade penal, sou contra regalias para acusados de crimes graves, mas acho que o buraco é mais embaixo, sim. Sei que a solução não é apenas punir o assassino do Depp. Mas espero que ele não tenha nos deixado em vão.
Espero que, em meio a tanta tristeza, saia algo bom. É a hora (já tardia) de discutir como arrumar tudo isso. Pressionar autoridades. Buscar maneiras de construir um mundo mais humano.
Talvez eu esteja realmente me posicionando porque fui atingida, mas espero que ninguém mais precise disso para compartilhar dessa luta.
Hoje, com 20 anos e uma enorme dor no coração, não sei se volto pra casa.
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