Há quem reclame da hipocrisia de quem mudou aí a foto de perfil do Facebook mas ainda usa "bicha" como ofensa. Existe a crítica naquela linha estados-unidos-do-mau-capitalismo-opressão, que embora bastante válida, pode atrapalhar as comemorações que também são necessárias.
Mas é que hoje o amor venceu.
Esse texto poderia simplesmente não ser positivo.
Eu poderia ignorar o avanço que foi feito hoje nos Estados Unidos, ao aprovarem o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todos os estados e falar sobre o quanto ainda se mata e ainda se morre por conta desse assunto.
Mas eu quero - eu preciso! - comemorar.
Hoje o amor venceu.
Uma pequena - mas importantíssima - batalha foi vencida.
A guerra ainda está aí: na heterossexualidade compulsória, nos pais que reprimem seus filhos desde pequenos, na "família tradicional" que se incomoda com beijo "gay" na mesma novela que mostra violência e sexo explícitos, nas piadinhas, nas pessoas que não deixam a amargura de lado nunca.
Entretanto, qual seria o sentido da luta se não comemorássemos quando ganhamos?
São também essas pequenas vitórias que transformam tudo.
A complexidade humana é isso: raríssimas coisas são tão preto no branco.
Existem muitas tonalidades a se explorar, respeitar e valorizar.
Mas hoje o amor venceu e eu escolho ver as coisas com o máximo de cores possíveis.
sexta-feira, 26 de junho de 2015
sábado, 7 de março de 2015
Depois do amor
Aqui nesse mesmo espaço onde compartilho todo tipo de coisa que passa pela minha cabeça, já falei muitas vezes sobre respeito aos ex-amores. Sou repetitiva, isso não é novidade. Mas muito da minha poética repetição vem da capacidade de, um belo dia, do nada, descobrir um novo ponto de vista perante uma situação. Se por vezes parece impossível mudar de opinião, ao menos, é sempre muito possível se posicionar sobre uma perspectiva diferente.
E justamente por ser ele, que me mostrou tantas maneiras novas de enxergar o mundo, que me sinto na obrigação de registrar mais uma vez o que sinto, em palavras. Aqui.
Quando me perguntam dele, a resposta mais simples costuma ser sempre minha aposta. Concordo, com muito respeito, com quem dizia nos achar um casal fofo mas sempre acrescento que ele me enlouquecia. E eu o enlouquecia de volta, não poderia deixar de admitir. Fazíamos cenas horrorosas, cheguei a sair do carro em movimento em meio à uma discussão e lembro exatamente da minha decepção quando, na quinta ou sexta vez que saímos juntos, percebi que ele não esperava eu sequer colocar a chave no meu portão antes de partir com o carro.
Éramos bizarramente diferentes. Entretanto, aposto que era isso que nos atraía um ao outro.
Entre todos meus textos sobre caras que nunca performaram o que sempre esperei de romances e relacionamentos, finalmente entendi porque ele é um dos meus personagens-reais prediletos: tudo o que já escrevi sobre ele foi real.
Quando eu falava entre dentes, daquele jeito ridículo que se age quando estamos nos apaixonando, não estava fazendo tipo. Eu, que sempre fiz a linha viciada em comédia romântica que vive ensaiando para apresentar aquela cena de arrancar suspiros, com ele sempre improvisei.
A resposta para o fim do relacionamento também sempre "não deu certo, não iria dar certo".
Mas isso é mentira. A verdade é que nossas diferenças como casal nunca me fizeram perder a admiração que tenho (sim, no presente!) pela pessoa que ele é.
Não sou capaz de lembrar de nenhum tema com o qual concordamos - de política à astrologia -, mas recordo com extremo carinho da absoluta delicadeza com a qual sempre me tratou e do conforto que me proporcionava.
Se eu sabia que jamais funcionaríamos como casal cada vez que tecíamos considerações sobre planos de vida para família e limites pessoais, e nunca quis assumir compromisso com ele, compenso ao destacar que na nossa relação nunca houveram mentiras e ilusões. Tivemos nosso tempo muito bem acertado, ao contrário do que já pareceu. Só o fim que se enrolou, provavelmente porque é muito difícil mesmo, para qualquer um, abrir mão de uma boa parceria.
Exatamente, ele foi meu parceiro. Exímio.
Me encorajava a correr atrás dos meus sonhos, apontava com paciência quase pedagógica o que eu poderia melhorar e desbravou o mundo comigo.
Em uma noite solitária, meses após o término oficial, me ouviu desabafar dificuldades da vida e me ofereceu mais que dinheiro: me deu esperança.
A minha primeira vez mais importante foi com ele;
Foi a primeira vez que coloquei meus pés frente aos pés de outro alguém e senti que podia pisar ali com firmeza, que era um cantinho seguro em meio à tantas armadilhas que encontramos pelo mundo afora.
Ele me ofereceu apoio de todas as formas possíveis, algumas que eu nem sabia que existiam.
Dividimos além de apelidos, era um bem-querer recíproco. Ainda é, ao menos da parte que me compete.
Eis então que ele entrou na igreja para eternizar amor e união. Também cheguei a escrever uma ou duas bobagens sobre a pessoa com a qual ele dividiu aquele momento no altar. Acredito que ninguém seja totalmente imune à sentir a tão famosa dor de cotovelo num momento desses, afinal. Mas agora já é possível distinguir que foi mera reação de choque, essas que qualquer humano sentiria.
Quem se importa com minha opinião sobre o vestido da noiva quando estamos falando de um ritual tão bonito quanto o matrimônio?
Casamento é sobre muitas das coisas que aprendi com ele: respeito, amor, comprometimento e intimidade. Ele não mereceria menos.
Honra é o que sinto ao escrever esse texto e é com o coração tranquilo que posso, enfim, aposentar o ele como personagem que saiu do livro com dignidade e construiu um felizes para sempre próprio, sem se tornar vilão.
A história aqui ainda promete muita aventura, lágrimas, pé na bunda e beijo na boca, e a graça é que ninguém é capaz de prever se terminará com essa donzela-que-de-indefesa-não-tem-nada encontrando um par ou só encontrando a si mesma - o que, por Deus!, já seria incrível o suficiente.
Porém, na necessidade de uma moral da história, pode-se destacar que ela reservou um espaço no meio dessa pseudoautobiografia pra atualizar esse agradecimento à quem agregou muito ao participar do enredo.
Para avisar que é um sentimento muito bom saber que ele disse "sim" para uma bela moça de branco que afirmou positivamente de volta.
Divido com ele, então, uma última coisa: felicidade em vê-lo feliz.
E justamente por ser ele, que me mostrou tantas maneiras novas de enxergar o mundo, que me sinto na obrigação de registrar mais uma vez o que sinto, em palavras. Aqui.
Quando me perguntam dele, a resposta mais simples costuma ser sempre minha aposta. Concordo, com muito respeito, com quem dizia nos achar um casal fofo mas sempre acrescento que ele me enlouquecia. E eu o enlouquecia de volta, não poderia deixar de admitir. Fazíamos cenas horrorosas, cheguei a sair do carro em movimento em meio à uma discussão e lembro exatamente da minha decepção quando, na quinta ou sexta vez que saímos juntos, percebi que ele não esperava eu sequer colocar a chave no meu portão antes de partir com o carro.
Éramos bizarramente diferentes. Entretanto, aposto que era isso que nos atraía um ao outro.
Entre todos meus textos sobre caras que nunca performaram o que sempre esperei de romances e relacionamentos, finalmente entendi porque ele é um dos meus personagens-reais prediletos: tudo o que já escrevi sobre ele foi real.
Quando eu falava entre dentes, daquele jeito ridículo que se age quando estamos nos apaixonando, não estava fazendo tipo. Eu, que sempre fiz a linha viciada em comédia romântica que vive ensaiando para apresentar aquela cena de arrancar suspiros, com ele sempre improvisei.
A resposta para o fim do relacionamento também sempre "não deu certo, não iria dar certo".
Mas isso é mentira. A verdade é que nossas diferenças como casal nunca me fizeram perder a admiração que tenho (sim, no presente!) pela pessoa que ele é.
Não sou capaz de lembrar de nenhum tema com o qual concordamos - de política à astrologia -, mas recordo com extremo carinho da absoluta delicadeza com a qual sempre me tratou e do conforto que me proporcionava.
Se eu sabia que jamais funcionaríamos como casal cada vez que tecíamos considerações sobre planos de vida para família e limites pessoais, e nunca quis assumir compromisso com ele, compenso ao destacar que na nossa relação nunca houveram mentiras e ilusões. Tivemos nosso tempo muito bem acertado, ao contrário do que já pareceu. Só o fim que se enrolou, provavelmente porque é muito difícil mesmo, para qualquer um, abrir mão de uma boa parceria.
Exatamente, ele foi meu parceiro. Exímio.
Me encorajava a correr atrás dos meus sonhos, apontava com paciência quase pedagógica o que eu poderia melhorar e desbravou o mundo comigo.
Em uma noite solitária, meses após o término oficial, me ouviu desabafar dificuldades da vida e me ofereceu mais que dinheiro: me deu esperança.
A minha primeira vez mais importante foi com ele;
Foi a primeira vez que coloquei meus pés frente aos pés de outro alguém e senti que podia pisar ali com firmeza, que era um cantinho seguro em meio à tantas armadilhas que encontramos pelo mundo afora.
Ele me ofereceu apoio de todas as formas possíveis, algumas que eu nem sabia que existiam.
Dividimos além de apelidos, era um bem-querer recíproco. Ainda é, ao menos da parte que me compete.
Eis então que ele entrou na igreja para eternizar amor e união. Também cheguei a escrever uma ou duas bobagens sobre a pessoa com a qual ele dividiu aquele momento no altar. Acredito que ninguém seja totalmente imune à sentir a tão famosa dor de cotovelo num momento desses, afinal. Mas agora já é possível distinguir que foi mera reação de choque, essas que qualquer humano sentiria.
Quem se importa com minha opinião sobre o vestido da noiva quando estamos falando de um ritual tão bonito quanto o matrimônio?
Casamento é sobre muitas das coisas que aprendi com ele: respeito, amor, comprometimento e intimidade. Ele não mereceria menos.
Honra é o que sinto ao escrever esse texto e é com o coração tranquilo que posso, enfim, aposentar o ele como personagem que saiu do livro com dignidade e construiu um felizes para sempre próprio, sem se tornar vilão.
A história aqui ainda promete muita aventura, lágrimas, pé na bunda e beijo na boca, e a graça é que ninguém é capaz de prever se terminará com essa donzela-que-de-indefesa-não-tem-nada encontrando um par ou só encontrando a si mesma - o que, por Deus!, já seria incrível o suficiente.
Porém, na necessidade de uma moral da história, pode-se destacar que ela reservou um espaço no meio dessa pseudoautobiografia pra atualizar esse agradecimento à quem agregou muito ao participar do enredo.
Para avisar que é um sentimento muito bom saber que ele disse "sim" para uma bela moça de branco que afirmou positivamente de volta.
Divido com ele, então, uma última coisa: felicidade em vê-lo feliz.
”O amor é a única coisa que cresce à medida que se reparte”
(livro O Pequeno Príncipe)
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