terça-feira, 12 de janeiro de 2021

E se eu conseguisse pôr pra fora, igual antigamente? Será que ainda faria alguma diferença?
Já pensei ser ilha, considerando a solidão. É solitário ser só, por mais óbvio que isso soe.

Hoje, me vejo como represa. Tantos e vários sentimentos que precisam transbordar - mas a comporta não tem compostura ou sutileza alguma.


Primeiro foram os amigos. Ou outro nome que os definam de maneira mais acertada. Um a um. Ela só. Sem outras referências afetivas e acumulando lutos, tentou a chamada família escolhida.

Lutou bravamente.

Brava é ela.

Dedicou todas suas fibras à essas amizades unilaterais.

Acreditava que ficar sozinha era o perigo maior.

Não era.


Aí veio o vazio. Mas buscou novamente. Em nichos diferentes, festas esquisitas. Procurou incansavelmente. Preparou surpresas e fez até tatuagem.

Não deu de novo.


De alguma maneira, de forma misturada, também teve o abortamento. Com diversos planos abortados, decidiu que com uma só era mais simples. Sentiu força ao poupar outrém.


Rodou o mundo, convenceu culturas novas. Também conheceu. Jogou sujo só para que desconfiassem. 

Parecia que tinha retornado, enfim.


E foi o fim. As surras literais dessa vez foram demais. Sem apoio, sem corda junto ao cais.


Lembra que ela detestava rimas?





"Eu sei que sou pesada, triste, dramática, neurótica, louca, insatisfeita, mimada, carente. Mas você se esqueceu da minha maior qualidade: eu sou só."  
Tati Bernardi


Não sei se voltei, não...