Não adianta perguntar, porque eu não saberei responder. E não estou te enrolando, como tu adora me acusar. Acho que você nem é tão detalhista quanto se acha e se diz, porque provavelmente já teria reparado que eu falo a verdade. Eu jogo limpo. Mas me reservo ao direito de jogar sujo quando negociamos mordidas.
Tu pode insistir e me pressionar daquele jeito que me deixa emburrada, mexendo nas minhas chaves de casa, e você com a cara mais inocente do mundo pedindo desculpas, por enquanto. Pode fazer o que quiser, mas acredite: eu não sei.
Sei! Você já disse que não gosta de "não sei", que isso não existe, mas é a verdade. Eu não sei. Não sei o que penso de você, não sei o que sinto por você, não sei o que dizer para você, não sei como me portar perto de você... Não sei sequer porque comecei a escrever esse texto.
As coisas perto de ti são sempre improváveis e imprevisíveis. O que eu acho de pior e o que mais me assusta nisso tudo é que eu gosto. Veja só, logo eu. Logo eu que só gosto de certezas. Eu não sei entender tudo isso.
Claro que também há coisas que sei. Mas são coisas que eu não pretendo te contar. Não tão cedo. Coisas que eu ficaria brava caso me escapulissem, já que com você eu testo meu sangue-frio e meu controle a todo momento.
Sei que você sabe exatamente como me arrancar meu sorriso preferido, aquele que eu tento segurar, jogo o cabelo por cima do nariz e viro para esconder ele nas mãos. Sei que você reparou e adorei você ter me dito. Sei que eu adoro o modo que você dirige, mesmo ignorando meu pedido de colocar o cinto de segurança. Sei que você me perturba, me irrita, me dá vontade de pular do carro em movimento. Sei que você me tranquiliza e sempre arranja um modo de me fazer ficar e pedir.
Sei que faz tempo que não falava fechando os dentes. Sei que trocamos mais sms do que troquei minha vida inteira. Sei que sou exagerada. Sei que você é um chato. Sei que eu não colaboro e que minha sinceridade é ferina. Sei que você já me falou. Sei que não pretendo mudar. Sei que a gente ainda vai brigar feio. Sei que nossos horários são incompatíveis. Sei que você também quer tentar. Não sei se um dia vou te admitir tudo isso.
Eu sei, sabe? Sei que não há muitos garotos no mundo que dirigiriam até minha casa de madrugada porque está com saudade. Eu não sei se tu sentiu mesmo saudade, mas gostei. Ainda que seja mentira. Sei que você odeia gatos e se não sei, ao menos tento imaginar, o quanto é difícil me abraçar quando ainda tem pelos brancos na minha blusa de frio. Sei que você me provoca e eu entro no seu jogo, sabe dar as cartas, sabe me ganhar. Sei que você sabe.
Sei que não existe no mundo nenhuma outra pessoa que seja tão oposta a mim.
Não sei se você sabe, mas eu não vou facilitar para você. Não me entenda mal, você tem tudo para que eu pense em você para o resto da minha vida. Se fosse em outra época, outros tempos, outros carnavais. O verão acabou. E eu nunca comecei a gostar de ninguém em outra estação que não o verão. Não que eu pretenda gostar de você. Sei que você ficaria com o ego ainda mais insuportável.
Não sei se para você tudo isso é normal, mas eu vou te confessar, aqui, onde tu não vai ler, que estou assustada. Não sei se você reparou. Não sei no que isso vai dar. Sei que não vai tem grandes chances de dar certo.
Sei que é tarde. Sei que devo dormir. Sei que quero te ver no fim de semana. E em outros dias disponíveis.
Não sei se devo.
Sei que é tudo culpa sua, não dele. E, por isso, se você quiser, talvez dê certo.
ResponderExcluirSei que amo você.