Toda mulher sabe o quanto é difícil viver com uma sociedade inteira nos cobrando a perfeição.
Claro que o mundo cobra todo mundo, mas hoje é dia de falar das menos privilegiadas: as mulheres.
Dirão que é drama, que é rebeldia sem causa, que é falta de piroca, que é tpm.
Até quando queremos desabafar para o mundo a nossa injusta realidade, somos apontadas e perseguidas.
Porque se eu não aceito ficar com um cara, eu estou fazendo cu doce. E vou ficar encalhada. Para os machistas, nada mais lamentável do que uma mulher encalhada, não é mesmo? Se eu distribuo beijo na boca por aí, sou uma vagabunda. Se não quero ter filhos, sou amarga. Se quero priorizar minha carreira sem constituir família, então, sou pirada. Dizem por aí que estupro é um crime terrível, mas se eu bebi, a culpa foi minha. Se estava de roupa curta, estava pedindo. Não importa quantos graus faça no calor de um país tropical, querem sempre estabelecer qualquer relação entre meu caráter e a roupa que escolhi ou minha conduta sexual. Esquecem que nos países que tem as mais alarmantes taxas de estupro, as mulheres costumam andar quase que inteiramente cobertas. Esquecem também que eu tenho que trabalhar porque mulher que não trabalha fora é mercenária, mas a arrumação da casa e a educação dos filhos também é de minha responsabilidade, porque supostamente algum deus machista também impôs que era assim que as coisas deveriam funcionar. Mas se eu falo que sou feminista, falam que os homens que sofrem porque a aposentadoria masculina sai cinco anos depois. Ao apontarmos a opressão de cada dia, muitos falam que a causa feminista não é justa porque não luta pelo alistamento obrigatório feminino, como se fizesse qualquer sentido alguém lutar por algo assim. Mas quando falamos que todos seres humanos deveriam ser livres e respeitados, somos loucas. Quando uma mulher se destaca em uma profissão, ela é musa ou deu pra alguém. Ignoram convenientemente que ainda recebemos salários mais baixos para executar o mesmo trabalho. E aí chega o dia internacional da mulher e querem nos dar flores.
Oferecer uma flor para uma mulher pode ser legal, vai da preferência individual e receio que não seja necessário uma data específica para potencializar o comércio floricultor, muito menos em razão de um gênero. Mas não acredite que flores compensam cada violência que toda mulher sofre cada dia da sua vida.
Mulheres morrem todos os dias por causa do machismo. Companheiros, pais, familiares e amigos espancam mulheres por causa do machismo. Homens estupram mulheres por causa do machismo.
Nesse oito de março, gostaria apenas de dizer que não. Não tenho que aceitar essa opressão e não vou mais me calar. Não sou máquina de reprodução, não sou objeto de julgamento da sua moral pessoal e questionável, não sou submissa, não tenho de viver sob as margens do que desenharam para mim, não quero mais ser oprimida.
Eu não creio num mundo melhor.
Eu CRIO um mundo melhor.
Eu sou feminista.
Entre tantos desafios, hoje é dia de lembrar porque a luta existe, e dela não nos retiraremos.
Não mereço flores, mereço respeito.
sábado, 8 de março de 2014
quarta-feira, 5 de março de 2014
Eu não sei ao certo porque isso vem me intrigando e mantendo meus olhos arregalados todos os dias ao dormir. Independente de prover da criação, ou da própria personalidade eu vivi 21 anos sendo assim. Não tinha porque me rebelar por algo que estava incorporado e o qual eu já havia me acostumado. Tão normal, que até as suas conseqüências eram aceitas. Eu já nem cobrava mais. Nem de mim, nem de terceiros.
Assim como lavar o rosto pela manhã, eu seguia acreditando nas pessoas. Se duvidar, senão mais banal.
Por achar fantástico o relacionamento humano, qualquer nova pessoa conhecida, automaticamente umanova amizade. Entrega e carinho já fazia parte do pacote, sem adicionais. E fui dando cara, perna, braço e coração à tapa. Mesmo destruída e com cicatrizes ainda abertas, fui aceitando desafios. “Opa, pode entrar.” Sem esperar algum retorno, inconscientemente eu fui esquecendo do que foi aprendido sobre reciprocidade.
E não é que agora eu vá ficar só, até porque eu não acredito que a solidão dê certo. Mas digamos que foi aberta a temporada do auto questionamento e a boa nova é seleção. Parece-me apropriado iniciar o ano tomando essa atitude. É feito limpar o armário: o que é bom e ainda serve, fica.
É o momento certo para administrar quem terá o prazer e principalmente potencial para receber os meus cuidados.
E não é marketing, não. Mas se existe algo em que me tornei phd, foi na meteria dos ursinhos carinhosos. “Seja boazinha, trate com carinho e te submetas”.
Um breve comercial então.
Eu vou doar pra também receber. Caridade eu estou fazendo pra quem precisa. Não quero mais brincar dessa chatice de preocupação em vão. Parceria então, agora é objeto para colecionador.
Durante todos esses anos ninguém nem ao menos ressarciu meus analgésicos! E quem soube valorizar já nem deve mais estar me lendo. E sabe que eu manifesto um “obrigada senhor” todas as noites.
Agora ao restante, nem uma segunda chance. Eu estou ouvindo uma cabeça que enfim voltou a funcionar e dormindo em paz outra vez. Todos o peso morto adquirido em anos está à um passo de ser liquidado.
Façam as malas, meu signo mudou.
Fe Gava.
(antes de 2006 eu já tinha achado boas referências, sabe. voltei.)
Assim como lavar o rosto pela manhã, eu seguia acreditando nas pessoas. Se duvidar, senão mais banal.
Por achar fantástico o relacionamento humano, qualquer nova pessoa conhecida, automaticamente umanova amizade. Entrega e carinho já fazia parte do pacote, sem adicionais. E fui dando cara, perna, braço e coração à tapa. Mesmo destruída e com cicatrizes ainda abertas, fui aceitando desafios. “Opa, pode entrar.” Sem esperar algum retorno, inconscientemente eu fui esquecendo do que foi aprendido sobre reciprocidade.
E não é que agora eu vá ficar só, até porque eu não acredito que a solidão dê certo. Mas digamos que foi aberta a temporada do auto questionamento e a boa nova é seleção. Parece-me apropriado iniciar o ano tomando essa atitude. É feito limpar o armário: o que é bom e ainda serve, fica.
É o momento certo para administrar quem terá o prazer e principalmente potencial para receber os meus cuidados.
E não é marketing, não. Mas se existe algo em que me tornei phd, foi na meteria dos ursinhos carinhosos. “Seja boazinha, trate com carinho e te submetas”.
Um breve comercial então.
Eu vou doar pra também receber. Caridade eu estou fazendo pra quem precisa. Não quero mais brincar dessa chatice de preocupação em vão. Parceria então, agora é objeto para colecionador.
Durante todos esses anos ninguém nem ao menos ressarciu meus analgésicos! E quem soube valorizar já nem deve mais estar me lendo. E sabe que eu manifesto um “obrigada senhor” todas as noites.
Agora ao restante, nem uma segunda chance. Eu estou ouvindo uma cabeça que enfim voltou a funcionar e dormindo em paz outra vez. Todos o peso morto adquirido em anos está à um passo de ser liquidado.
Façam as malas, meu signo mudou.
Fe Gava.
(antes de 2006 eu já tinha achado boas referências, sabe. voltei.)
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Tem um coração no meu sapato.
Existe uma diferença substancial entre se apaixonar e entregar o coração para outra pessoa.
Não sei vocês, mas comigo pelo menos, isso é evidente.
Você pode se apaixonar facilmente. Não significa que você quer comprar aquela paixão. É tipo compras mesmo: às vezes o sapato é lindo, te serviu, está dentro do que você pode pagar mas... você só não quer ver se ele vai durar ou te machucar um dia.
Sim, minha analogia preferida: homens e sapatos.
Voltando ao exemplo fútil, não quer dizer que não me apaixonei pelo sapato. Só tenho medo de sair no prejuízo.
Claro que as vezes estamos muito tristes e só precisamos comprar um sapato para manter a respiração. Mas é carência. É outra coisa.
O sapato ideal talvez não exista. Ao menos não para todo mundo. Não dá pra ser lindo, fiel, com sonhos razoáveis e que te diga "eu te amo" sincero todo dia de manhã. Dá? Eu tenho sapatos que eu defenderia com a vida, na tonalidade certa, confortáveis, valeram o investimento... mas tem um defeitinho, sabe? Acredito que seja natural.
O que estou tentando dizer é que eu posso me apaixonar. Já fiz isso várias vezes. Normalmente, escolho a forma que eu pareço idiota. Mas até gosto, sabe? Aquela ansiedade quando o telefone toca, o sorriso que escapa na hora errada ao encarar a tela do computador... Até quem é casado - e muito bem casado, obrigado - deve sentir falta dessas paixões. Essa que a gente tá arriscando ainda. Quando a gente não consegue nem esboçar uma previsão se vai acabar em bodas com os netos ou em terapia semanal. Medinho com borboletas no estômago é legal, sim, nem venha falar que não.
A gente é que não sabe aproveitar na hora. (Fica tranquilo, ninguém sabe lidar, muito menos eu.)
Se apaixonar é legal. Mas não quer dizer que você queira cair no choro toda vez que ouvir o nome da pessoa no futuro. Emily de A Lot Like Love foi taxativa: se você não está disposto a parecer um idiota, não merece se apaixonar.
E é verdade.
Não é?
Ás vezes a gente só não quer parecer idiota. Se vai perder o amor da sua vida tomando essa decisão, que seja. Tudo bem não estar pronto para a parte ruim do amor.
Tem muita gente que diz que quando dói, não pode ser amor. Dizem que o que dói é solidão, rejeição, indiferença, não amor. Não é bem verdade. Amor é combo. É um sentimento tão incrível e intenso que tem que estar disposto a tudo.
E quando a gente pega o jeito da coisa - essa que a gente chama carinhosamente de vida -, até pode ser que gostemos de uma pessoa. Rola um frio na barriga e você ri de coisas que nem tem tanta graça assim. Mas você só não vai poder lidar com o sofrimento do fim, caso ele venha. Não é covardia, é auto-proteção.
E eu entreguei meu coração. Duas vezes, em 21 anos. Me apaixonei umas dez.
As paixões foram legais. Tá. Sofri tal qual uma desgraçada quando acabou, mas todo mundo sabe dessa minha predisposição ao drama.
Mas foi bacana. Sentia toda aquela empolgação, desenhava corações em cada canto que sobrasse perto de mim quando eu dispunha de uma caneta, ouvia música brega e me identificava... As vezes o carinha me enrolava, outras eu até achava aqueles olhos verdes incríveis mas queria aproveitar o feriado na praia, outras ele fazia algum comentário bobo sobre futebol e eu decidia que não dava mais. Tudo isso só acontece quando a gente não entrega nosso coração. É a paixão amadora. Se não der certo, você liga para uns amigos e em 3 doses de tequila não sofre mais. Fica chateada, porque, quem nunca?, mas está ciente que sua vida não acabou.
Ao entregar o coração, é diferente. Você até está ciente que a pessoa pode não cuidar, mas você basicamente entrega o órgão na mão dela (o coração, ô mente poluída!) e fala: tó, faz o que quiser.
Você espera que ela cuide, mas ela pode muito bem jogar na lixeira mais próxima, quando como recebemos flyer de Trago Seu Amor De Volta Em Sete Dias (sério, não leia esse flyer, você é bonita, dá conta sozinha!). Pode nem jogar na lixeira, pode jogar direto no chão. E você além de magoada, vai ficar brava com a falta de civilidade e higiene do amado. E vai pagar mico, vai ligar pra amigo pedindo companhia para beber tequila, mas ainda vai chegar em casa triste e vai procurar no bolso o flyer para ao menos ir pedir uns conselhos pro pai de santo simpático.
Com o coração em mãos que não são as suas, você tenta enxergar diretamente por ele. Vislumbra todo um futuro que conta com uma casa de cerca branca, dois cachorros e um jardim. Possivelmente você nunca irá morar numa casa de cerca branca mas descobre que quer ou poderia querer coisas que não havia cogitado antes. Você para de querer a casa porque deve ser um inferno para limpar a tal cerca, mas dá entrada num apartamento. Você cresce. Entende porque nunca tinha entregado o coração antes.
Talvez a diferença se trate apenas do nível de envolvimento. Para mim, se trata de fé e confiança.
Eu não aposto em nada que envolva dinheiro ou meu sorriso. Me julguem. Entregar um coração envolve dinheiro (aguardando estorno de cada centavo gasto, por gentileza) e meu sorriso (existe algum tutorial que vocês mostram para bebês? Preciso lembrar como fazer).
Teoria da Cinderela, né? A gente acha que perdeu uma coisa importante demais para deixar pra lá.
E voltamos aos sapatos.
(Maiara tem 21 anos, está com dor de cotovelo e só é adepta da teoria da branca de neve)
Ps: Sei que tem gente que consegue entregar o coração por aí como se fosse bala. Não tem problema. Mas esse texto apenas não é sobre vocês e essa fé na vida que eu morro de inveja.
Não sei vocês, mas comigo pelo menos, isso é evidente.
Você pode se apaixonar facilmente. Não significa que você quer comprar aquela paixão. É tipo compras mesmo: às vezes o sapato é lindo, te serviu, está dentro do que você pode pagar mas... você só não quer ver se ele vai durar ou te machucar um dia.
Sim, minha analogia preferida: homens e sapatos.
Voltando ao exemplo fútil, não quer dizer que não me apaixonei pelo sapato. Só tenho medo de sair no prejuízo.
Claro que as vezes estamos muito tristes e só precisamos comprar um sapato para manter a respiração. Mas é carência. É outra coisa.
O sapato ideal talvez não exista. Ao menos não para todo mundo. Não dá pra ser lindo, fiel, com sonhos razoáveis e que te diga "eu te amo" sincero todo dia de manhã. Dá? Eu tenho sapatos que eu defenderia com a vida, na tonalidade certa, confortáveis, valeram o investimento... mas tem um defeitinho, sabe? Acredito que seja natural.
O que estou tentando dizer é que eu posso me apaixonar. Já fiz isso várias vezes. Normalmente, escolho a forma que eu pareço idiota. Mas até gosto, sabe? Aquela ansiedade quando o telefone toca, o sorriso que escapa na hora errada ao encarar a tela do computador... Até quem é casado - e muito bem casado, obrigado - deve sentir falta dessas paixões. Essa que a gente tá arriscando ainda. Quando a gente não consegue nem esboçar uma previsão se vai acabar em bodas com os netos ou em terapia semanal. Medinho com borboletas no estômago é legal, sim, nem venha falar que não.
A gente é que não sabe aproveitar na hora. (Fica tranquilo, ninguém sabe lidar, muito menos eu.)
Se apaixonar é legal. Mas não quer dizer que você queira cair no choro toda vez que ouvir o nome da pessoa no futuro. Emily de A Lot Like Love foi taxativa: se você não está disposto a parecer um idiota, não merece se apaixonar.
E é verdade.
Não é?
Ás vezes a gente só não quer parecer idiota. Se vai perder o amor da sua vida tomando essa decisão, que seja. Tudo bem não estar pronto para a parte ruim do amor.
Tem muita gente que diz que quando dói, não pode ser amor. Dizem que o que dói é solidão, rejeição, indiferença, não amor. Não é bem verdade. Amor é combo. É um sentimento tão incrível e intenso que tem que estar disposto a tudo.
E quando a gente pega o jeito da coisa - essa que a gente chama carinhosamente de vida -, até pode ser que gostemos de uma pessoa. Rola um frio na barriga e você ri de coisas que nem tem tanta graça assim. Mas você só não vai poder lidar com o sofrimento do fim, caso ele venha. Não é covardia, é auto-proteção.
E eu entreguei meu coração. Duas vezes, em 21 anos. Me apaixonei umas dez.
As paixões foram legais. Tá. Sofri tal qual uma desgraçada quando acabou, mas todo mundo sabe dessa minha predisposição ao drama.
Mas foi bacana. Sentia toda aquela empolgação, desenhava corações em cada canto que sobrasse perto de mim quando eu dispunha de uma caneta, ouvia música brega e me identificava... As vezes o carinha me enrolava, outras eu até achava aqueles olhos verdes incríveis mas queria aproveitar o feriado na praia, outras ele fazia algum comentário bobo sobre futebol e eu decidia que não dava mais. Tudo isso só acontece quando a gente não entrega nosso coração. É a paixão amadora. Se não der certo, você liga para uns amigos e em 3 doses de tequila não sofre mais. Fica chateada, porque, quem nunca?, mas está ciente que sua vida não acabou.
Ao entregar o coração, é diferente. Você até está ciente que a pessoa pode não cuidar, mas você basicamente entrega o órgão na mão dela (o coração, ô mente poluída!) e fala: tó, faz o que quiser.
Você espera que ela cuide, mas ela pode muito bem jogar na lixeira mais próxima, quando como recebemos flyer de Trago Seu Amor De Volta Em Sete Dias (sério, não leia esse flyer, você é bonita, dá conta sozinha!). Pode nem jogar na lixeira, pode jogar direto no chão. E você além de magoada, vai ficar brava com a falta de civilidade e higiene do amado. E vai pagar mico, vai ligar pra amigo pedindo companhia para beber tequila, mas ainda vai chegar em casa triste e vai procurar no bolso o flyer para ao menos ir pedir uns conselhos pro pai de santo simpático.
Com o coração em mãos que não são as suas, você tenta enxergar diretamente por ele. Vislumbra todo um futuro que conta com uma casa de cerca branca, dois cachorros e um jardim. Possivelmente você nunca irá morar numa casa de cerca branca mas descobre que quer ou poderia querer coisas que não havia cogitado antes. Você para de querer a casa porque deve ser um inferno para limpar a tal cerca, mas dá entrada num apartamento. Você cresce. Entende porque nunca tinha entregado o coração antes.
Talvez a diferença se trate apenas do nível de envolvimento. Para mim, se trata de fé e confiança.
Eu não aposto em nada que envolva dinheiro ou meu sorriso. Me julguem. Entregar um coração envolve dinheiro (aguardando estorno de cada centavo gasto, por gentileza) e meu sorriso (existe algum tutorial que vocês mostram para bebês? Preciso lembrar como fazer).
Teoria da Cinderela, né? A gente acha que perdeu uma coisa importante demais para deixar pra lá.
E voltamos aos sapatos.
(Maiara tem 21 anos, está com dor de cotovelo e só é adepta da teoria da branca de neve)
Ps: Sei que tem gente que consegue entregar o coração por aí como se fosse bala. Não tem problema. Mas esse texto apenas não é sobre vocês e essa fé na vida que eu morro de inveja.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
- É o que fazemos: brigamos. Você fala quando estou sendo arrogante e desorganizada, e eu falo quando você está sendo um grosso irritante - que é o que você é 99% do tempo. Eu sempre vou te querer bem, mas perdi o medo de magoar você. Fica chateado por alguns segundos e em seguida volta a fazer a próxima coisa que me magoa.
- E daí?
- E daí que eu sei que não vai ser fácil. Vai ser muito difícil. E vamos ter que trabalhar duro nisso, todos os dias. Mas eu quero fazer isso, porque eu quero você. Eu quero você pra sempre. Pode me fazer um favor? Por favor, será que pode imagina sua vida daqui a 30, 40 anos? O que você vê? Se você se vê com outra pessoa, então vá. Vá embora. Perdi você uma vez, acho que posso me acostumar de novo, se for o que você realmente quer. Mas não escolha a saída mais fácil. A gente vale o esforço, eu juro.
Meu próprio diário de uma paixão. The notebook.
- E daí?
- E daí que eu sei que não vai ser fácil. Vai ser muito difícil. E vamos ter que trabalhar duro nisso, todos os dias. Mas eu quero fazer isso, porque eu quero você. Eu quero você pra sempre. Pode me fazer um favor? Por favor, será que pode imagina sua vida daqui a 30, 40 anos? O que você vê? Se você se vê com outra pessoa, então vá. Vá embora. Perdi você uma vez, acho que posso me acostumar de novo, se for o que você realmente quer. Mas não escolha a saída mais fácil. A gente vale o esforço, eu juro.
Meu próprio diário de uma paixão. The notebook.
domingo, 5 de janeiro de 2014
Ex-vazio
Eu tinha quinze anos e acreditava que amizade (que hoje eu entendo apenas como "amor", aquele sentimento nobre que dedicamos à pessoas especiais) era tudo na vida. Tinha muitos amigos, muitos mesmo. Sempre fui do tipo sociável, tagarela e extrovertida. Todo mundo sabia detalhes da minha vida, se houvesse o mínimo de interesse. Mas claro, quando somos adolescentes, temos uma necessidade enorme de auto-afirmação, de provar para alguém (quem?) que somos incríveis. E então, temos "melhores amigos". Ou amigas. Ou bests. Ou Bff.
Eu tinha um. Minha mãe acreditava que violência era uma ferramenta pedagógica e esse era um dos poucos assuntos que eu não explorava com qualquer um. E eu contava pra ele. Inclusive, ele foi a primeira pessoa no mundo a me garantir que aquilo não era normal ou saudável e, aparentemente, queria me ajudar com isso.
Estávamos no colegial. Éramos populares. Juntos, formávamos uma invencível dupla de truco. Éramos legais, engraçados, bonitos, entendíamos de música, andávamos com as pessoas certas. Tudo espontaneamente. Quase forjado. Mas éramos autênticos.
Aí um dia, não éramos mais. Não éramos mais amigos.
E eu, que acreditava que amizade era tudo, ia acreditar no quê?
Hoje eu tenho 21 anos. Estou formada. Namoro um cara sensacional. Sou militante por diversas causas sociais. Estou tentando fundar uma ONG.
Quero dizer: por que eu não estaria bem?
Não estou.
Honestamente, não saberia dizer bem o porquê.
Passei por uns maus bocados. Abusos de todos os tipos, bullying, escolhas erradas, doença psiquiátrica e falta de apoio. Especialista nenhum sabe o que pode receber a culpa.
Não culpo.
Mas hoje, entrei no Facebook dele. Por curiosidade mesmo.
Lembrei do colegial.
Lembrei da suposta amizade.
Lembrei que ele me abandonou.
Abandonar. Aquilo que a gente não faz com os amigos.
Estou bem.
Quero dizer: por que eu não estaria bem?
Mas lembrei.
Sabe a síndrome do outro caminho?
Como seria?
Engraçado.
Hoje ele poderia aparecer na minha porta, na minha vida. Me chamaria pra tomar uma cerveja. Talvez.
Talvez daríamos risadas das bobagens impulsivas da adolescência.
Mas não faria diferença.
A dor aconteceu.
Veja bem, eu - surpreendentemente - não guardo rancor.
Espero que ele esteja ótimo.
Não faço questão alguma de convite algum.
Não faria diferença.
Superei.
Me formei, luto por coisas que acredito, vivo minha vida.
Mas não fiz mais amigos.
Tentei.
Desesperadamente.
Mas não flui.
Será que você sabe?
Como se sentiria se soubesse que uma atitude, talvez até insignificante, há muitos anos atrás, mudou completamente a maneira de alguém se relacionar com outras pessoas?
Acataria alguma culpa? Tentaria consertar? Seria possível?
Mas não faria diferença.
(Faria?)
"Todas essas coisas que não eram para acontecer,
Ps: Se você quer brisar nesse assunto, recomendo ler O Último Dia da Sua Vida, do blog Thebrocode.
Eu tinha um. Minha mãe acreditava que violência era uma ferramenta pedagógica e esse era um dos poucos assuntos que eu não explorava com qualquer um. E eu contava pra ele. Inclusive, ele foi a primeira pessoa no mundo a me garantir que aquilo não era normal ou saudável e, aparentemente, queria me ajudar com isso.
Estávamos no colegial. Éramos populares. Juntos, formávamos uma invencível dupla de truco. Éramos legais, engraçados, bonitos, entendíamos de música, andávamos com as pessoas certas. Tudo espontaneamente. Quase forjado. Mas éramos autênticos.
Aí um dia, não éramos mais. Não éramos mais amigos.
E eu, que acreditava que amizade era tudo, ia acreditar no quê?
Hoje eu tenho 21 anos. Estou formada. Namoro um cara sensacional. Sou militante por diversas causas sociais. Estou tentando fundar uma ONG.
Quero dizer: por que eu não estaria bem?
Não estou.
Honestamente, não saberia dizer bem o porquê.
Passei por uns maus bocados. Abusos de todos os tipos, bullying, escolhas erradas, doença psiquiátrica e falta de apoio. Especialista nenhum sabe o que pode receber a culpa.
Não culpo.
Mas hoje, entrei no Facebook dele. Por curiosidade mesmo.
Lembrei do colegial.
Lembrei da suposta amizade.
Lembrei que ele me abandonou.
Abandonar. Aquilo que a gente não faz com os amigos.
Estou bem.
Quero dizer: por que eu não estaria bem?
Mas lembrei.
Sabe a síndrome do outro caminho?
Como seria?
Engraçado.
Hoje ele poderia aparecer na minha porta, na minha vida. Me chamaria pra tomar uma cerveja. Talvez.
Talvez daríamos risadas das bobagens impulsivas da adolescência.
Mas não faria diferença.
A dor aconteceu.
Veja bem, eu - surpreendentemente - não guardo rancor.
Espero que ele esteja ótimo.
Não faço questão alguma de convite algum.
Não faria diferença.
Superei.
Me formei, luto por coisas que acredito, vivo minha vida.
Mas não fiz mais amigos.
Tentei.
Desesperadamente.
Mas não flui.
Será que você sabe?
Como se sentiria se soubesse que uma atitude, talvez até insignificante, há muitos anos atrás, mudou completamente a maneira de alguém se relacionar com outras pessoas?
Acataria alguma culpa? Tentaria consertar? Seria possível?
Mas não faria diferença.
(Faria?)
"Todas essas coisas que não eram para acontecer,
aconteceram.
O que acontecerá depois depende de você."
sábado, 28 de setembro de 2013
Partida.
Você está me perdendo.
Sempre fui do tipo que ia embora. Eu acabava voltando, é verdade. Ou querendo voltar. Mas eu nunca tive medo de partir. Eu ia. Desde pré-adolescente, pegava meus tênis e entrava no primeiro ônibus. Agora, pego a bolsa e entro no carro. Sem destino, como antes. O importante era só sair dali.
Com você, não deu.
Só quis ficar.
Até um tempo atrás.
Você ainda não me perdeu. Pode até ser exagero da minha parte. Mas é que eu reconheço os sinais. Meus mesmo. O coração acelera e, quando me dou conta, já fui.
E eu quero ficar, sabe. Está sendo bom. É tão difícil achar alguém que você não canse da companhia.
Ainda não cansei.
Mas você parou de me dar mensagens de bom dia. Eu sei, você estava ocupado, o trabalho estava puxado e a internet do celular não funcionava.
Mas você começou a me perder.
Sabe, achei que devia avisar. Em respeito a nossa história.
Eu estou começando a ir embora.
Quando eu falei que estava chateada e você, talvez cansado de tantas crises, não conseguiu se esforçar para falar qualquer bobagem que me distraísse. Naquele momento, eu desisti de ir embora de mim e quis ir embora de ti.
Ficar sem dinheiro é um saco. A vida pega pesado e o lucro nunca vem, diferente dos custos.
Mas eu vou embora mesmo assim. Você me perde, com ou sem condição de pagar.
Você está me perdendo, garoto. Já te avisei?
O desentendimento começa a entrar na nossa rotina e vai me fazendo esquecer das coisas que me fizeram me apaixonar por você.
Eu vou acabar indo embora.
Posso fazer um último pedido nessa despedida?
Me faz ficar?
Sempre fui do tipo que ia embora. Eu acabava voltando, é verdade. Ou querendo voltar. Mas eu nunca tive medo de partir. Eu ia. Desde pré-adolescente, pegava meus tênis e entrava no primeiro ônibus. Agora, pego a bolsa e entro no carro. Sem destino, como antes. O importante era só sair dali.
Com você, não deu.
Só quis ficar.
Até um tempo atrás.
Você ainda não me perdeu. Pode até ser exagero da minha parte. Mas é que eu reconheço os sinais. Meus mesmo. O coração acelera e, quando me dou conta, já fui.
E eu quero ficar, sabe. Está sendo bom. É tão difícil achar alguém que você não canse da companhia.
Ainda não cansei.
Mas você parou de me dar mensagens de bom dia. Eu sei, você estava ocupado, o trabalho estava puxado e a internet do celular não funcionava.
Mas você começou a me perder.
Sabe, achei que devia avisar. Em respeito a nossa história.
Eu estou começando a ir embora.
Quando eu falei que estava chateada e você, talvez cansado de tantas crises, não conseguiu se esforçar para falar qualquer bobagem que me distraísse. Naquele momento, eu desisti de ir embora de mim e quis ir embora de ti.
Ficar sem dinheiro é um saco. A vida pega pesado e o lucro nunca vem, diferente dos custos.
Mas eu vou embora mesmo assim. Você me perde, com ou sem condição de pagar.
Você está me perdendo, garoto. Já te avisei?
O desentendimento começa a entrar na nossa rotina e vai me fazendo esquecer das coisas que me fizeram me apaixonar por você.
Eu vou acabar indo embora.
Posso fazer um último pedido nessa despedida?
Me faz ficar?
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Enloucresça
Todos os clichês que ouvimos o tempo todo deveriam ser levados a sério. Praticados. Ensinados com paciência para quem ainda não conseguiu pegar as táticas do truque. Ninguém poderia dizer que tanta gente realmente leu "O Pequeno Príncipe" se não fossem os milhares de exemplares vendidos.
As pessoas esquecem com assustadora facilidade de que o essencial é, de fato, invisível aos olhos e ainda não existe receita de beleza mais infalível do que um sorriso de quem sabe bem o que está fazendo.
Só vai ter olhos marcantes quem busca enxergar apenas o lado bom das pessoas. Só terá cabelos bonitos quem os deixar dançar com o vento de vez em quando. Uma boa postura é possível apenas para quem caminha com certeza de que é aprendiz, em um mundo que tantos fazem questão de serem mestres no que nem sequer foram ver.
Não sei nada sobre estética, beleza e comportamento. Mas qualquer um que busca viver de verdade sabe que só as coisas simples são capazes de fornecer paz de espírito. Acho que é disso que falam quando se referem à “realização”.
As pessoas esquecem com assustadora facilidade de que o essencial é, de fato, invisível aos olhos e ainda não existe receita de beleza mais infalível do que um sorriso de quem sabe bem o que está fazendo.
Só vai ter olhos marcantes quem busca enxergar apenas o lado bom das pessoas. Só terá cabelos bonitos quem os deixar dançar com o vento de vez em quando. Uma boa postura é possível apenas para quem caminha com certeza de que é aprendiz, em um mundo que tantos fazem questão de serem mestres no que nem sequer foram ver.
Não sei nada sobre estética, beleza e comportamento. Mas qualquer um que busca viver de verdade sabe que só as coisas simples são capazes de fornecer paz de espírito. Acho que é disso que falam quando se referem à “realização”.
domingo, 23 de junho de 2013
Linda, a dor não é tão glamourosa assim, afinal.
Dói um pouco mais aos sábados. Talvez seja abstinência de vodka e risadas. Ou talvez seja só excesso de drama da minha parte. Nenhuma hipótese é descartada.
Adoecer é ruim. Mas representar o papel de vítima é pior. Todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo, à todo momento, sofrem por alguma coisa. Qualquer coisa.
Não consigo me achar especial só porque meus órgãos são tão preguiçosos quanto eu. Nem dispenso as piadas. Humor é essencial para qualquer crise.
Mas dói mesmo. Dói não poder me divertir como eu me divertia. Sinto falta de virar a noite em boa companhia, de comer fritura com ketchup, de Stella Artois, do meu time. Mas nada é tão doloroso quanto apagar a luz e saber que ninguém compartilha daquela escuridão contigo. Em casa ou no hospital.
Veja bem, não se trata de cobrança. Meu namorado mora há uma mora de distância e minha mãe merece uma noite de sono decente. É desafiador dormir com máquinas tão barulhentas ajudando a não aumentar estatísticas.
Ainda assim, é sempre bom ter aquela segurança de que existe quem também teve que abrir mão de algo que gostava por um tempo para, quem sabe, estar pronto para algo melhor no futuro - o que é otimismo demais pra mim.
Não que eu seja pessimista, longe disso. Tem mais a ver com alguém estar ao seu lado de forma incondicional, entendendo que o seu problema, é o maior do mundo. Afinal, qual é o meu mundo se não eu mesma? E nem vem, é assim com todo mundo.
É fácil perguntar se alguém está bem, desejar melhoras e até mesmo ficar preocupado. Difícil parece ser acompanhar essa pessoa no tratamento, entender que ela não tem dinheiro porque gastou em remédio, abrir mão de burguer king para comer batata com cenoura refogada e ainda achar ótimo.
Uma doença não é o fim do mundo. Mas é o mundo. De qualquer pessoa, para qualquer pessoa.
Espero que você nunca me entenda.
Adoecer é ruim. Mas representar o papel de vítima é pior. Todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo, à todo momento, sofrem por alguma coisa. Qualquer coisa.
Não consigo me achar especial só porque meus órgãos são tão preguiçosos quanto eu. Nem dispenso as piadas. Humor é essencial para qualquer crise.
Mas dói mesmo. Dói não poder me divertir como eu me divertia. Sinto falta de virar a noite em boa companhia, de comer fritura com ketchup, de Stella Artois, do meu time. Mas nada é tão doloroso quanto apagar a luz e saber que ninguém compartilha daquela escuridão contigo. Em casa ou no hospital.
Veja bem, não se trata de cobrança. Meu namorado mora há uma mora de distância e minha mãe merece uma noite de sono decente. É desafiador dormir com máquinas tão barulhentas ajudando a não aumentar estatísticas.
Ainda assim, é sempre bom ter aquela segurança de que existe quem também teve que abrir mão de algo que gostava por um tempo para, quem sabe, estar pronto para algo melhor no futuro - o que é otimismo demais pra mim.
Não que eu seja pessimista, longe disso. Tem mais a ver com alguém estar ao seu lado de forma incondicional, entendendo que o seu problema, é o maior do mundo. Afinal, qual é o meu mundo se não eu mesma? E nem vem, é assim com todo mundo.
É fácil perguntar se alguém está bem, desejar melhoras e até mesmo ficar preocupado. Difícil parece ser acompanhar essa pessoa no tratamento, entender que ela não tem dinheiro porque gastou em remédio, abrir mão de burguer king para comer batata com cenoura refogada e ainda achar ótimo.
Uma doença não é o fim do mundo. Mas é o mundo. De qualquer pessoa, para qualquer pessoa.
Espero que você nunca me entenda.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Hoje eu acordei cedo para ir até a Avenida Paulista. Mas não foi para trabalhar ou estudar. Vim apenas homenagear um cara que vivia sorrindo, abraçar alguns amigos que partilham da mesma dor e tentar mudar o mundo.
Hoje, com 20 anos, cheia de sonhos e dando um duro danado para realizá-los, não sei se volto pra casa. Não porque eu estou doente ou por um acidente, o que seria até compreensível. Hoje eu posso não voltar porque um cara gostou do meu celular.
Eu não fecho os olhos para a desigualdade social. Sei que falta segurança, cultura e o essencial e óbvio: falta investimento na educação, falta oportunidade.
Mas isso não justifica um garoto ser arrancado da vida por um motivo tão absurdo: MOTIVO NENHUM.
Inclusive, o assassino faz aniversário amanhã. Com um pouco de sorte (nossa), ele sai em dois anos. Ele terá 20 anos como eu (não como Victor Deppman, que não vai ter a mesma chance), será réu primário como eu e poderá começar qualquer projeto de vida que ele almeje.
Não espero Justiça apenas para o Victor. E não porque ele era da minha faculdade ou porque tinha a minha idade.
Eu só quero que não morram mais centenas de Victor todos os dias, por disparos que são feitos por um SISTEMA TODO. TODO ERRADO.
Eu sou a favor da redução da maioridade penal, sou contra regalias para acusados de crimes graves, mas acho que o buraco é mais embaixo, sim. Sei que a solução não é apenas punir o assassino do Depp. Mas espero que ele não tenha nos deixado em vão.
Espero que, em meio a tanta tristeza, saia algo bom. É a hora (já tardia) de discutir como arrumar tudo isso. Pressionar autoridades. Buscar maneiras de construir um mundo mais humano.
Talvez eu esteja realmente me posicionando porque fui atingida, mas espero que ninguém mais precise disso para compartilhar dessa luta.
Hoje, com 20 anos e uma enorme dor no coração, não sei se volto pra casa.
Hoje, com 20 anos, cheia de sonhos e dando um duro danado para realizá-los, não sei se volto pra casa. Não porque eu estou doente ou por um acidente, o que seria até compreensível. Hoje eu posso não voltar porque um cara gostou do meu celular.
Eu não fecho os olhos para a desigualdade social. Sei que falta segurança, cultura e o essencial e óbvio: falta investimento na educação, falta oportunidade.
Mas isso não justifica um garoto ser arrancado da vida por um motivo tão absurdo: MOTIVO NENHUM.
Inclusive, o assassino faz aniversário amanhã. Com um pouco de sorte (nossa), ele sai em dois anos. Ele terá 20 anos como eu (não como Victor Deppman, que não vai ter a mesma chance), será réu primário como eu e poderá começar qualquer projeto de vida que ele almeje.
Não espero Justiça apenas para o Victor. E não porque ele era da minha faculdade ou porque tinha a minha idade.
Eu só quero que não morram mais centenas de Victor todos os dias, por disparos que são feitos por um SISTEMA TODO. TODO ERRADO.
Eu sou a favor da redução da maioridade penal, sou contra regalias para acusados de crimes graves, mas acho que o buraco é mais embaixo, sim. Sei que a solução não é apenas punir o assassino do Depp. Mas espero que ele não tenha nos deixado em vão.
Espero que, em meio a tanta tristeza, saia algo bom. É a hora (já tardia) de discutir como arrumar tudo isso. Pressionar autoridades. Buscar maneiras de construir um mundo mais humano.
Talvez eu esteja realmente me posicionando porque fui atingida, mas espero que ninguém mais precise disso para compartilhar dessa luta.
Hoje, com 20 anos e uma enorme dor no coração, não sei se volto pra casa.
domingo, 23 de dezembro de 2012
Quem quiser.
"Mas das últimas vezes, infelizmente não era sorrindo que eu olhava, era com desânimo, com saudade e mágoa misturadas. Por que você tinha que morrer? Por que você tinha que matar tudo que eu sentia? Me obrigar a morrer também. Me obrigar a fingir estar viva pra todo mundo. Me obrigar a não chorar, quando tive vontade de chorar. Vontade de te esmurrar, te dizer que você é um idiota, um babaca, um cretino, um fraco, nunca passou disso. Nunca uma piada sua foi engraçada, nunca você me surpreendeu. Nunca. Mas eu não consigo deixar de pensar em você, a cada dia, a cada ato meu. E quando eu procuro outras pessoas, eu procuro imaginando você me vendo. E tendo ódio de mim. Porque eu quero que sinta ódio. Porque ódio significa alguma coisa, e é melhor que indiferença. Você que já foi tudo, já foi minha esperança, foi meu futuro imaginado, hoje não é nada. Não passa de uma foto numa rede social. Se eu vivo bem sem você, porque eu continuo te olhando? Porque eu sempre volto aqui? Porque eu ouço músicas que falam de tristeza? Por quê? Você não vale isso. Mas eu faço. Eu continuo fazendo. Como uma cerimônia de luto, eu sigo a risca. Mas acontece que você não morreu de verdade, do jeito que eu preferia que morresse. Você está aí vivo, vivendo sua vida, fazendo suas coisas, feliz, tranqüilo, sem sentir minha falta, sem olhar minha foto em rede social. Porque eu não consigo? Porque você não podia ser alguém? Eu esperei muito de você? Não. Eu não esperei nada, eu entendi tudo, eu entendia o que ninguém entenderia. Eu respeitei. Eu fiz como você quis. Tudo. Eu me anulei. Eu deixei de me amar, pra todo meu amor ser só seu. Eu voltei atrás. Eu chorei, eu pedi desculpas, eu agüentei besteiras. Agüentei tudo. Ajuntando do chão, migalhas do seu carinho, migalhas do seu amor. Do seu jeito explosivo e calmo. Um dia me amando como se a terra fosse acabar depois da meia noite. No outro dia um desconhecido me pedindo pra tratá-lo como qualquer um, por favor. Você é meu personagem favorito. O dono de todos os meus textos, de todas as minhas histórias. O dono da curvinha das minhas costas. E eu tenho que dizer isso agora, só pra uma foto numa rede social. Porque você morreu na minha vida. Você pediu demissão, seu cargo era o de presidente, era membro honorário do conselho, tinha tapete vermelho e eu me vestiria até de secretária se te agradasse. E você pediu demissão, sem aviso prévio nem nada. Me diz agora? Como viver bem? Como sobreviver, sem essa ponta de angustia? Eu sou feliz, cara. Eu sou feliz demais. Mas eu sou infeliz demais, quando penso em você. Quando penso no que poderia ser, no que poderia ter sido. Eu sei que não dá. Eu nem quero que dê. Não quero mais. Mas não sei o que fazer com esse nó. Vai passar né? Eu sei. Com o tempo eu não vou mais olhar sua foto, nem sofrer, nem pensar o quanto é infeliz tudo o que aconteceu. Tomara que passe logo. Porque a vontade de te ressuscitar as vezes, me domina."
Emprestar palavras alheias muitas vezes parece uma alternativa confortável. E de conforto, você sabe: eu não entendo, mas é a minha mais constante busca. A gente lê o que o outro um dia escreveu e explica pro coração que ele não é único que já passou por isso. Ou aquilo. E capricha no rebolado para continuar vivendo a vida. E de rebolado, aí sim, eu entendo. Mesmo que não seja boa nisso.
Uma banda também me emprestou as palavras para que eu pudesse avisar a todos que eu estou ralando muito (dando um duro danado!) e é para sempre. Desisti de desistir tão fácil de tudo. Ou mesmo se for difícil.
Estou mudando. Por mim mesma, dessa vez. De repente, a gente encara a realidade de frente e descobre novos caminhos a seguir. Sem atalhos, que é pra dar tempo de apreciar a vista.
Vejo vocês por aí.
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