quinta-feira, 29 de julho de 2010

Para ganhar meu coração.

Dizem que tudo nessa vida é merecimento. Pois então. Para ganhar meu coração, é evidente que essa regra também se aplica.

Para ganhar meu coração é preciso muito mais que determinação. Dedicação é essencial. Cuidado, sabe? Para ganhar meu coração é preciso saber escrever direito, se vestir direito, falar bonito e usar um perfume que eu decore. Mas deixe todo o resto da vaidade para mim, por favor, metrossexualidade não faz sucesso pra mim. Tem que gostar de Bob Esponja e O Teatro Mágico. E se sensibilizar com filmes. E refletir com músicas. E discutir tudo isso comigo.

Para ganhar meu coração tem que saber apreciar o melhor da vida. E de cada estação. E não pode desanimar com chuva na praia. Pelo contrário. Me surpreenda, sempre! Ao cair a chuva, me tome pelas mãos e me convide para dançar. Aliás, não. Seja criativo. Me dê presentes para provar que se lembrou de mim. Não estou falando de gastar dinheiro, muito menos de clichês. Um bilhetinho, uma flor colhida no caminho percorrido ao meu encontro já está de bom tamanho.

Para ganhar meu coração tem que sorrir com coisas simples e se lembrar de mim sem motivo. Tem que gostar de animais. E de crianças. Mas sem desejo obsessivo por filhos.

É necessário que saiba dirigir, mas goste de andar de patins. E me ensine a andar de skate.

Mas a sábia Tati Bernardi, sempre teve uma boa fórmula para ajudar... Se nada disso funcionar, experimente me amar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Cicatriz

Nenhuma cicatriz é fruto do acaso. Pelo contrário, todas tem uma razão de ser e é uma prova de algo do passado. Algo que marcou, literalmente.
Há quem se queixe de cicatrizes que 'enfeiam' o corpo, há quem se orgulhe. Existem músicas, filmes e livros de sucesso que giram em torno desse referencial: cicatriz.
O que define uma cicatriz? É apenas um machucado que se curou? Uma ferida aberta que permitiu que a pele se regenerasse? Bem próximo disso, acredito. Mas o machucado, essa ferida, impôs uma condição para melhorar: não seria como antes. A cor da pele em tom diferente é uma marca, um lembrete.
Existem cicatrizes invisíveis, também. Marcas que a nossa vida deixou na nossa alma ou coração. Ou nos dois. E elas se refletem todos os dias, até quando nem desconfiamos que aquilos são cicatrizes. Aquela mania obsessiva de limpar os sapatos no tapete antes de entrar em casa é uma cicatriz que sua mãe, após tantas broncas, fez fincar em você. Harry Potter tinha uma cicatriz em forma de raio que era uma ligação com seu maior inimigo. Mais tarde descobriu que era um pedaço da alma do inimigo que residia nele.
Cicatrizes... Elas são simples, todos temos e sempre carregam um significado especial. Não tem jeito.

Maria Helena era uma garota fantástica. Animada, desencanada, leve. Qualquer garoto sonharia em namorar com ela. Tão tranquila. Arrumou um namorado. Foi traída. E foi com sua melhor amiga. Ela superou. Maria Helena sempre foi forte e não seria um carinha que não soube lhe dar valor que a faria chorar pelos cantos. Tudo bem, ela chorou um pouquinho, ela tem sentimentos. Mas passou. Ela voltou a ser a garota animada, leve e desencanada, sonho de namoro perfeito para qualquer garoto que se preze. Mas pode fazer declaração de amor, serenata, pedir ao pai dela de joelhos. Não adianta. Ela não namora mais.

Conseguem enxergar a cicatriz?
Eu disse, as feridas se fecham. O machucado para de incomodar. A dor cessa. A vida continua. Mas a cicatriz, meu bem... ela é para sempre. Pode olhar na pele, ela pode suavizar com o tempo, mas sempre estará lá. No coração também. Mesmo que você não enxergue, de repente, será lembrado o quanto a recuperação, mesmo que não fosse física, foi dolorosa.

Cicatrizes são lembretes. Provas que nada será como antes.

Boa sorte com a cirurgia a laser.





"Amor? Não sei. É meio paranóico. Parece uma coisa para enlouquecer a gente devagar."
(Caio F. Abreu)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre sorrisos e respeito.

- Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo.



E é bem por aí mesmo...

Eis que um dia tu conheceu uma garota legal. Um sorriso bonito, um gosto musical que fluía com o seu e conversas que duravam mais do que uma madrugada poderia reter. Se beijaram, tiveram uma história bacana. Para ela as coisas eram assim também. Espero que para você tenha realmente sido como foi descrito. Foram dias apaixonantes, apaixonados. Início de grandes declarações, coisas bonitas de se ouvir e de se dizer. E beijos. Ah, sim, os beijos foram tão importantes quanto. Aí acabou. Tudo bem, acontece. Ela ficou chateada, pareceu que você não se importou muito. Mas tudo bem. Quem se importa? É assim mesmo, arde e depois passa. Ela voltou a sorrir tão bonito quanto antes dos seus elogios, continua a escutar no último volume suas músicas preferidas (suas... e dela), a ter um papo divertido. Dizem que o beijo dela até melhorou. Sim, é assim mesmo. Ela ainda pensa em você quando está de tpm e falta chocolate e pensamento melhor na mente, mas nada grave. Ela jura. Ela aprendeu a superar de uma maneira mais bonita e menos dramática. Com menos lágrimas e mais tequila. E mais sorrisos e mais amigos. E mais festas de faculdade e veteranos gatos. Você também mudou. Arrumou outro emprego, outras formas de falar de amor e um novo corte de cabelo, quem sabe. A vida é para mudar mesmo, meus caros. Aí você conheceu um alguém. Uma outra alguém, aliás. Uma alguém que parece ter um sorriso bonito, um bom papo e um cabelo que deveria ser sacudido em um comercial de shampoo. A gente se apaixona à toa. É normal. A alguém te faz bem, sorte tua. Iniciam uma nova história de amor, dessas que ainda não dá para avaliar se acabará em festa de bodas ou consulta à terapeutas, mas ainda assim, bonita. A outra garota legal? Mas como era o nome dela mesmo, hein? Não tem problema nenhum em ser civilizado. Não quer, tudo bem. Respeito aos próprios sentimentos é primordial. Acontece, mesmo. Mas não vale esquecer que tu prometeu seu coração à ela. A garota legal do início do texto, não a atual namorada. Ela acreditou, sabe? E doeu tu ter tomado ele das mãos dela como se não fosse nada. Ela superou, voltou a sorrir bonito, mas não significa que ela não se importa mais. Poxa! Acabou e tu nem se deu ao trabalho de contar a ela. Explicação então, que nada. Ela teve que colar sozinha o coração dela. Tudo bem que o coração dela já adquiriu uma matéria um tanto elástica depois de tudo que já passou, mas ainda deve ser tratado com cuidado. Aí tu faz declarações a nova garota que te faz bem e sorri bonito. Faz promessas e a beija. A garota legal do início do texto não liga para isso. Ela é a boazinha e até torce para tua felicidade. Desde que haja respeito. As promessas, os beijos, as declarações... tudo bem, mas tinha que ser igual às que tu fazia para ela? Você chegou a reparar? Os mesmos apelidos, os mesmos símbolos, a porra da mesma frase que tu havia mandado por depoimento... Isso é feio, rapaz. Mamãe nunca te ensinou a tratar direito coração de donzelas indefesas que nunca fizeram nada contra você? É errado com as duas, sabe? As duas garotas legais do sorriso bonito. As duas que tu já prometeu teu coração. A do início da história e a que chegou depois. As duas não merecem. E o errado é você. Quer ser feliz? Seja, oras. Mas invente apelidos e declarações novas, por favor. Respeite o amor antigo. Ele merece. Seu amor merece. Você merece. Elas merecem.

Pode parecer pouco, mas não se engane, ela não vai mais sorrir bonito para você.



(A Má continua sem saber terminar as histórias de maneira satisfatória. Vai ver que a história também não terminou. Não terminou, nem é satisfatória.)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Redenção.

Imagine uma torneira pigando incessantemente, com um copo posicionado exatamente embaixo dela.
Pense em cada gota que cai, livremente, uma após a outra, acumulando-se. O copo vai enchendo, enchendo, enchendo, enchendo... Talvez um pouco mais devagar do que o normal é verdade, mas lembre-se, é apenas um gotejar. Quem daria importância para simples gotas? Quem pensaria que elas alterariam algo, de fato?
E lá estão as gotas, continuando a cair dentro do copo. E lá está o copo, acumulando cada gota dentro de si.
Eis estão que o copo está absolutamente cheio, e então... cai mais uma gota, apenas mais uma. O copo transborda.

A culpa não é da última gota. Muito menos do pobre copo, que acumulou tantas outras gotas sem reclamar, sem ao menos se manifestar.
O problema estava na torneira o tempo todo.




Dedicado a: Jéssica, Guga, Gustavo, mamãe, papai, irmã-do-meio e todos que gostam de culpar a porra do copo.