segunda-feira, 23 de junho de 2014

Me encontre domingo, no Tinder.


Domingo, dia oficial de sentir falta de alguém.

Não sei vocês, mas para mim, viver sempre me pareceu excepcionalmente difícil.
Decisões, inspirações, mudanças inesperadas, traumas, sustos, sonhos. Rotina.

Nunca fui muito de rotina, na verdade. Gosto de iniciar o dia quase em tom de desafio: vai, me surpreenda.
Dizem que tem a ver com meu signo.

Mas sou também grande reforçadora de estereótipos: garota de cidade grande, criada solta, obrigada determinada a seguir seus ideais.

Acordo em dias úteis relativamente cedo - considerando o horário de expediente -, tento não esboçar ~meu estilo radical~ na escolha de roupa, compro um pão de queijo e aproveito para identificar meu humor quando decido se tomo ou não um Toddynho. 

Normalmente, pego um ônibus, o metrô, digo "bom dia" para motoristas e cobradores, mas quase choro se encontro algum conhecido que eu me sinta na obrigação de estender conversa. 

Trabalho e milito. Necessariamente. 
Antes das 18h, decido se vou encontrar algum amigo, resgatar bicho, encantar um novo garçom com minha melancolia simpática após cervejas.

Tudo isso em dias úteis.

Sextas, sábados e/ou feriados costumo buscar diversão. 
De humildes cervejas improvisadas à baladas com open bar, planejadas com meses de antecedência, passando por cinema, parques e viagens. Importa mesmo é eu dar risada, dançar, reclamar da vida perto de quem merece minha confiança.

Aí chega o domingo.
Os jovens que me desculpem, mas sono é fundamental.
Preciso relaxar, fazer um balanço da semana, dar atenção às minhas séries, fazer cafuné nos meus gatos.
Tudo isso que faço sempre correndo ao longo dos dias e nunca consigo finalizar. Então, preciso de um dia para fazer direito. Dormir sem medo do despertador, achar uma nova maneira de lidar com ressaca ou com mau humor dos bichanos residentes, refletir sobre alguma crítica que foi levada a nível pessoal, comer pizza, tomar sorvete, ignorar o ponteiro da balança.

Domingo é dia de acalmar o coração.
Daí chegamos àquela verdade que é facilmente comprovada em uma olhada rápida no Facebook: quase ninguém curte ficar sozinho.

A gente faz carão pra foto, se orgulha da tolerância ao álcool, superestima os próprios talentos, se arrepende - e muito - de decisões afetivas, julga as dos outros, mas a verdade é sempre muito parecida. Tudo na vida é melhor com companhia. Boa companhia, né, por favor.

Disso tudo já sabemos, eu sei, me perdoem por ter repetido.
É que enquanto faço tudo isso dos meus dias, também brinco no Tinder.
Para os leigos ou comprometidos: é um aplicativo de ~paquera~. Você seleciona suas preferências e vai aparecendo na tela candidatos à sua companhia, no melhor estilo catálogo, onde você decide se o marca como interessante ou não. Se ambos vão com a cara do outro, a mágica do amor acontece abre-se uma nova aba onde podem trocar mensagens.

Já deu pra entender, né? 
Lá você pode encontrar o amor da sua vida ou alguém para ter um encontro sexual na mesma hora para nunca mais ver a cara do parceiro. 
De repente, até mesmo as duas coisas - seja com a mesma pessoa ou não.

Após algum tempo usando esse aplicativo, já encontrei de tudo. Mesmo. De stalkers psicopatas em potencial à românticos que queriam já marcar o casamento, passando por dezenas de amigos novos (Um, inclusive, acaba de se mudar para um apartamento novo com a namorada... que conheceu no Tinder. Oun.).

Colecionadora de matchs que sou, as conversas costumam se desenrolar até chegar aos questionamentos recíprocos do quê, afinal, a pessoa está procurando ali.

A verdade é que eu não sei.
To aí.

Mas queria deixar muito claro que existem tipos que NÃO conquistam ninguém - nem pra pedir favor. Considerando isso, fica aqui meu...




Manual de Boas Práticas no Tinder 
- by Maybe


- Escreva algo na bio. Isso já vai adiantar MUITO na decisão da outra pessoa em tentar uma combinação ou não. 

- Fotos aleatórias no exterior: APENAS queria ENTENDER a necessidade. Se a intenção for pagar de cool, interessado em cultura e/ou aventura, fica aqui o feedback pessoal dessa humilde usuária: não tá bom, não. Pelo contrário, me parece que a intenção é expôr que você tem grana e só. Foi mal.

- Frases supostamente de Clarice Lispector, Caio F. e amigos: Tudo bem, sei que falei pra escrever alguma coisa na Bio, mas pior coisa é entrar no Tinder e ficar em dúvida se acessou o Tumblr ou o Pensador por engano. É aplicativo para conhecer pessoas, amigo, não é livro de auto-ajuda.

- Fotos com animais domésticos é certeza de ganhar meu like. Invista!

- Foto forçando músculo sem camisa em frente ao espelho eu NEM sei como te explicar o quanto isso é constrangedor e NADA sexy. E se tu nem mesmo está dentro dos padrões impostos pela ditadura da beleza, me explica essa vontade de reforçá-la????? 

- Número do celular na bio. Se você não consegue enxergar o quanto isso é absurdo, duvido que consiga te explicar. Mas bem superficialmente: se você é irresponsável e sem critério a ponto de espalhar um contato tão pessoal assim por aí para qualquer um apenas não daríamos certo nem pra beber uma cerveja.




Seguindo minhas dicas, já to torcendo pra você me achar por lá (Já fica aí a sugestão de incluírem uma busca, hein, desenvolvedores!).


Sabe como é, to sempre precisada de cafuné e companhia pra passar o domingo. ;)



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