quinta-feira, 24 de junho de 2010

Infinitivo.

A garota tentava se segurar para não cair no louco balancear do ônibus e, mesmo com o frio que fazia em São Paulo naqueles dias, sua blusa fina acabava deixando à mostra a tatuagem no punho, com o símbolo do infinito...

E a outra garota que observava a cena detestava tatuagens. E indiretas.








Existe o telefone que não toca, os amigos que se acomodam com a distância, geográfica ou não, os problemas que não se dissipam com abraços, a cegueira voluntária humana, a paixão que Platão resolveu inventar, o sentimento de bem-estar que não existe.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Levemente desnecessário.

- Não é que eu precise de um namorado. Apenas não gosto de não ter companhia no frio. E tu sabe, essa cidade é um caos, as coisas são malucas, eu não posso comer mais chocolate (do que já comi) essa semana e uma boa companhia é importante. Um abraço para curar o desespero depois de ver tanto cinza é importante. Uma respiração bem rente ao meu corpo. Alguém para conversar sem sentir dor de cabeça. Alguém para lembrar na hora que eu estiver me divertindo escolhendo um cd qualquer...
- ...
- Tá, eu preciso de um namorado.

terça-feira, 6 de abril de 2010

- Mas você vive machucada, vive se machucando. Por quê?
- Tu realmente acha que eu me machuco porque quero? Eu apenas... me machuco. E depois tento me curar, como qualquer pessoa.
- Parece que teu Merthiolate não é muito bom, olha só quantas marcas e cicatrizes...
- Isso porque tu não viu as que não dá pra enxergar com os olhos... Aí sim tu iria ficar surpreso.




(Porque ás vezes é preferível ter um acidente de carro a sofrer de amor...)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ser ou não ser... de ninguém.

Na hora de cantar, todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".
No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalistas" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam o ouvido do amigo mais próximo e reclamam da solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois?
Será que os grupos Tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação"?
Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar na boca, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo inteiro e nele os ingredientes vão além do descompromisso, como não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair mais de um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc. Embora já saibam namorar, os tribalistas não namoram. Dificilmente estão apaixonados por quem estão acompanhados, mas gostam da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalida de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas em um dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só pra dizer bom dia, é ter alguém para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar as lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.
Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, hoje podemos optar com maior liberdade. Não se trata responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam.
A questão não é casual, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender a amar se relacionando, trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, é ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.
Ser de todo mundo e não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para tocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e a tão temida solidão.



Não sei de quem é a autoria, mas gosto desse texto e não é de hoje. E como acréscimo pessoal: eu vou tentar me libertar. Dos meus medos. E qualquer dia desses eu conto quem é o lobo.
Beijo para o D. :)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Eu pensei tanto nas últimas horas, que decidi dar um tempo dos meus pensamentos e me prender a outras coisas. Investiguei milhares de textos pela faculdade e constatei o alto número de pessoas que já perderam tempo falando e tentando ensinar sobre algo que pouca gente conhece bem, o amor. Não sei se estarei tão bem acompanhada com esses pensamentos alheios, mas ainda são melhores que os meus. Eu tenho muita coisa pra falar mas não sei como dizer... Talvez algo que começasse com "Se tu veio falar comigo por causa de um sorriso, nem precisava ter vindo..." e terminaria com um: "E tu sequer se desculpou. Ou se importou." Só que o que eu colocaria no meio disso ainda é um mistério para mim. Saber que eu tenho que desconsiderar tudo o que me aconteceu nos últimos meses tá me doendo. Eu não acredito no que você não fala diretamente, não acredito no que você sente. Eu não acredito em você. Saber que minha intuição tava latejando com motivo tá me doendo também. Mas é isso mesmo, muita gente passa na nossa vida,







e o que me consola é que essa tristeza metida a falta de ar passa também.




(se tu fores observar, esse texto é até que relativamente velho já. o postei no meu fotolog no dia primeiro de março. e quando se trata de superação, graças a Deus, sou muito mestre. só achei que não deveria ser desconsiderado e muito menos deixar de ser registrado.)

terça-feira, 16 de março de 2010

Sinto informar.

joana diz:
quero de volta
maria diz:
eu não quero nada de volta, só queria que me deixassem em paz
joana diz:
é difícil
é muito mais difícil do que eu achei que fosse ser
maria diz:
é.
mesmo.
eu achei que melhorasse com o tempo. que a gente melhorasse. soubesse 'sair dessa' melhor do que da última vez e parece que isso não tem nada a ver com experiência.
joana diz:
tem a ver com intensidade.
maria diz:
eu chamaria de idiotice, enfim.
joana diz:
isso também.
maria diz:
é.
joana diz:
como fui deixar isso acontecer?
maria diz:
deixamos.
porque somos garotas bonitas, bem-humoradas e idiotas.
joana diz:
nunca mais
nunca mais me machuco
maria diz:
eu achei que nunca mais iria me machucar também.
desculpa te desiludir.




* Os nomes foram trocados. Não pra preservar a identidade de ninguém, não. É que isso pode ser a conversa de QUALQUER garota. Pois é, quem gera tudo isso são vocês. Não reclamem depois, quando não souberem administrar.





Não chorar, não mentir, não amar...

domingo, 7 de março de 2010

Conto de farsas.

Ele tomou a iniciativa, e insistiu. Ele a elogiava, fazia juras de amor, dizia que se lembrava dela com aquelas músicas bonitas que todo mundo diz não gostar, mas sempre se derrete por dentro. Ele não olhava para os seios dela, olhava para os olhos. Ele era sério, tinha planos, queria ter filhos. Não era príncipe, mas tinha vocação para isso, sempre sabia o que ela queria ouvir. E dizia. Ela escutava. Gostava. Ele não a deixava esperando, dava satisfações, a lembrava de tomar remédios. A lembrava o quanto era sortudo por ter ela em sua vida, a apresentou aos melhores amigos, a irmã, aos pais. Sim, aos pais. Ele realmente deveria querer algo mais do que uma transa casual. Devia ser romance, paixão, coisa de pele. Ele mandava mensagens, dizia estar com saudade, fazia ela rir. Sorrir. Ela não roía mais unhas, ele a dava muitas certezas. Planos, viagens. Ele não saía sem ela, e se saía, dizia não gostar.
E ela? Ah, ela. Igualzinha a todas as outras elas que conhecemos, acabou cedendo. Acabou dando. Dando carinho, dando atenção, dando seu coração.

E aí ele, igualzinho a todos os outros eles, a deixou. Não me pergunte o porquê.
Esperava um final feliz?
Em qual galáxia que tu vive?





Ela, igualzinha a todas as outras elas, não acredita mais em contos de fadas. Dessa vez, de verdade.
E isso durará até o próximo ele aparecer, tomar-lhe o coração e o despedaçar.
Acontece.

Loser!

Tá, eu só queria dizer que fiquei todo esse tempo sem postar porque SOU UMA GRANDE IDIOTA. E das melhores.
Eu, jegue, esqueci não só minha senha, mas também meu nome de usuário. Claro que não podemos inocentar o blogger, que me faz criar e-mails à toa só para ter um blog decente, MAS... PUTAQUEPARIU. Foram meses tentando voltar pra isso aqui, tava com saudade, não queria perder meus arquivos (de novo), nem o domínio, enfim. Aí, a minha amiga, a Bee cismou em fazer um blog e pus na cabeça que não iria dormir enquanto não conseguisse reativar isso aqui.
Pois bem, são quase três da manhã, trabalho (cedo) amanhã, mas CONSEGUI.
Depois posto algo decente, isso é só um desabafo NADA inspirado mesmo.


(maiaribero, senha de sempre, gmail. otária.)

Beijosnãomeliguem.

domingo, 17 de maio de 2009

Para aprender a voltar.

Me diz, então, pra onde foi a tua vida? O seu namorado, a sua melhor amiga?

Por vezes, me pego fugindo. Junto minhas coisas, calço meu tênis e vou embora. Muitas vezes também esqueço de voltar. Corro, tenho medo, canso. E até me esqueci de qual era o motivo da fuga. Acho que tento fugir da minha vida. Nada de opinião alheia, gente que não acrescenta ou medo do vestibular. Fujo dos meus erros e meus impropérios. Fujo de mim. É tão cansativo ser a gente mesmo. Não que eu esteja reclamando ou que não goste. É que nem sempre quero estudar química ou acordar cedo pra ir aturar cliente chato. Não por ser coisas chatas, mas sim por ser coisas minhas. Hoje eu queria acordar num quarto diferente, comer algo exótico e conhecer um amor. E amanhã eu voltava ao meu quarto, meu estômago fraco e minha vida pseudo-solitária. Só pra dizer que conheço mais do mundo do que pensas e sei enxergar com outros olhos que não os meus. Só para as pessoas não desconfiarem e eu esquecer de como me sinto em relação a esse mundo torto. Só para gostar mais de mim. E de você.
Também nunca quis ser algo plausível de fazer sentido. Nem nunca tentei.





"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Gênio? Neste momento cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu, e a história não marcará, quem sabe? Nem um, nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Não, não creio em mim. Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim (...)".
(Álvaro de Campos)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Costumes

Eu costumava gostar mais de mim mesma.
Costumava rir sem dar a menor importância se parecia conveniente, descabido ou necessário. Apenas ria, apenas por rir, por vontade de momento. Hoje isso parece tão distante.
(Claro que o usar o verbo "rir" pode dar um significado meio deprimente para o que eu quero passar, mas foi o primeiro que eu pensei, troque por outro, se lhe convir.)
Pensando nisso, acredito que costumava gostar mais de mim porque eu era, de fato, mais eu mesma.
Sempre gostei da coerência das crianças, "não vou porque não quero", "não como porque não gosto". Tão simples. Sem isso de fazer para agradar, se reprimir para não criar briga. Aliar útil ao agradável e só. E quando parei de ver o mundo com olhos de criança e fui obrigada me confrontar com a realidade e, pior, com a responsabilidade, as coisas meio que pararam de fazer tanto sentido quanto faziam antes.
Penso na minha vida de dois anos atrás, resumidamente, tudo que eu queria agora. Me diz então, por que, diabos, eu reclamava dela? Ai, seres humanos, todos iguaizinhos e deprimentes.
Deixei de ser nostálgica e passei a ser ansiosa por viver. Sempre numa espera interminável do início da minha vida, digo, de começar pra valer. E também sempre olhando por cima do ombro, desconfiada, esperando pela próxima cilada que a vida está tramando para mim.
Para quem espera uma conclusão brilhante desse texto, sinto desapontar. Ainda não concluí esse pensamento, não sei o que quero da vida e me questiono porque ainda não fui dormir, considerando que é quase duas da madrugada. Apenas quis exercitar minha terapia escrita e tentar a sorte para ver se assim as coisas se tornavam mais plausíveis. Não deu certo, enfim. Quando eu souber a resposta, prometo que volto aqui. Ou simplesmente na próxima madrugada com insônia. Estava com saudades.

"Há muito mais pessoas boas do que maldade no mundo, basta procurar com vontade."