- O que mundo fez com você, menina?
Repetia-se. A frase, a pergunta, a dúvida, a angústia.
Será?
Será que foi o mundo? Será que alguma coisa realmente grave aconteceu?
Veja bem... o mundo é ruim. Acontecem coisas ruins com pessoas boas, todos os dias.
Por que, então, eu me acho no direito - e dever - de me sentir, me achar vítima?
Eu sou uma iludida!
Fico esperando o melhor de tudo, fantasiando situações que provavelmente jamais existirão. Sou uma torcedora.
Falo muito - escrevo muito, penso muito - e faço pouco.
Com minhas ilusões, eu vou conseguindo viver a vida. Difícil é quando sou confrontada pela realidade.
A vida pode ser boa, às vezes. Um dia você entra no último minuto do jogo de uma semi-final contra um time forte e faz três pontos. Uma cesta, uma falta, um lance livre. Também pode acontecer de você voltar dirigindo cantando The All American Rejects e rir quando se perde para deixar uma colega de time em casa. No mesmo dia, já de noite, tem uma festa da sua faculdade - que você adora. Você dança muito, com gente bastante querida. Não bebe uma gota de álcool durante a noite, não fuma e descobre que dá para se divertir mesmo assim. Também ouve - de perto e bem alto - a banda profetizar:
"Se tudo tem que ser assim, então deixa ser!"
Só que ainda me sinto mais confortável na fantasia. Como disse, tenho esse apreço por ilusões. E não me sinto em paz desistindo de tentar fazer com que um tantinho disso que eu espero e acredito se torne real. Be the change.
Com ilusão é mais fácil mesmo. Na ilusão, as pessoas jogam limpo e sempre tem alguém para te inspirar a continuar. Com ilusão, muita coisa ainda pode acontecer e amanhã vai ser melhor.
Amanhã eu vou voltar para o meu estágio. Amanhã meus pais vão relembrar conceitos simples esquecidos. Amanhã vou comer menos besteira e correr 10 km sem sentir o joelho doer. Amanhã vou ao cinema sozinha. Amanhã as pessoas serão de verdade, pra valer. Amanhã vou ser melhor. Amanhã você nunca mentiu pra mim.